Select Page

O medo é essencial para a sobrevivência e o riso ajuda a lidar com ele

O medo é essencial para a condição humana, uma vez que nos faz lidar melhor com os perigos, mas nem todos os medos são racionais e têm razão de ser. Este foi o mote da mesa 6 do FOLIO AUTORES, que teve lugar no domingo, 13 de Outubro, na Casa José Saramago, em Óbidos, que juntou Tati Bernardi e Rui Cardoso Martins.

Quanto à melhor forma de lidar com o medo, os dois escritores concordaram que o riso é mesmo o melhor remédio. “Rir é um escape para o mundo”, disse Tati Bernardi, com a anuência de Rui Cardoso Martins. Tati Bernardi é escritora, guionista da Rede Globo e colunista no jornal “Folha de São Paulo”, mas estuda psicanálise há 10 anos. Desde criança que sofreu muito com a ansiedade e com os medos. Um dia descobriu que era a escrever que conseguia organizar melhor os seus pensamentos e assim ultrapassar as suas dificuldades. No livro “Depois a louca sou eu”, o primeiro da autora a ser publicado em Portugal, apresenta de uma forma cómica vários casos de ansiedade e ataques de pânico pelo qual passou. Descobriu depois que muitas pessoas se reconhecem nos seus casos pessoais e daí o sucesso do livro.

O escritor e guionista Rui Cardoso Martins comentou como os tribunais estão cheios de medos, protagonizados pelas mais diversas vítimas de crimes. Ao longo de 20 anos, enquanto jornalista, assistiu a mais de 700 casos de justiça em sessões públicas de tribunal. Na sua rúbrica “Levanta-se o Réu”, que era publicada no jornal Público, fixou-os num registo literário de efeitos ora cómicos, ora comoventes, sempre com uma capacidade notável para captar com empatia a justiça e a injustiça, o chocante e o caricato. “Tudo o que assisti deu-me a noção de que os meus medos eram muito pequenos”, revelou.

Outra realidade que tem abordado é a enorme taxa de suicídios no Alentejo (sete a oito vezes superior ao resto do País). Esse é, aliás, o tema de “E Se Eu Gostasse Muito de Morrer”. Um livro que começou por ser polémico para algumas pessoas, porque conta casos reais, mas acabou por se tornar uma referência. “Há sempre um lado patético num suicídio”, referiu o escritor.

Como tem acontecido em vários dos debates neste FOLIO – Festival Literário de Óbidos, também Tati Bernardi falou da sua experiência com a eleição de Bolsonaro no Brasil, tendo afirmado que se começa a viver num clima de ditadura naquele país. “Há um enorme fomento da violência e já sentimos a censura”, afirmou. Rui Cardoso Martins salientou que no início o discurso dos fascistas é sempre “bonzinho”, até que subam ao poder.

Press Release (pdf)

Pontos de Interesse

Há festa em Óbidos: o FOLIO começa esta quinta-feira

De 22 de setembro e 2 de outubro, a vila de Óbidos volta a transformar-se numa gigantesca festa do livro, com exposições, debates e concertos. Naipaul e Salman Rushdie são os grandes nomes deste ano. O FOLIO — Festival Literário Internacional de Óbidos regressa esta...

Governo proíbe queimas e queimadas até dia 31 de Março


Face às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para um significativo agravamento do risco de incêndio florestal no território do Continente, e considerando a decisão da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que determinou a passagem...

Óbidos presente no Festival Escutista do Oeste

O Agrupamento 753 Escuteiros de Óbidos esteve presente no X Festival Escutista do Oeste, que decorreu nos dias 1 e 2 Abril na vila da Lourinhã. Esta atividade contou com a participação de mais de 1500 escuteiros, de diversos concelhos do Oeste. Ao longo destes dois...