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Cercal do Alentejo

2.5 h
7.2 kmDistância
EasyDificuldade
2.5 hDuração

Em torno da castiça vila do Cercal, este percurso atravessa um mosaico de pequenas quintas, hortas e pomares, onde se vive o dia-a-dia rural das gentes alentejanas. Cruzam-se ao caminho pequenas linhas de água que nascem na Serra do Cercal e correm para Leste em direção à albufeira de Campilhas e adiante, até ao Rio Sado.

O percurso circular do Cercal faz-nos acreditar na harmoniosa convivência do homem com a natureza, levando-nos por caminhos que, desde há séculos, são percorridos em direção às hortas e pomares, pastagens e campos de cereais, num movimento diário e secular, como um coração a bater, entre o calor do povoado e a terra fértil que o envolve e alimenta.

Figueiras, marmeleiros, oliveiras, laranjeiras, nespereiras e limoeiros compõem simpáticos pomares. Os campos alimentam ovelhas, cabras, vacas, galinhas e gansos. Entre as muitas aves selvagens que se cruzam com o caminhante, destacam-se a gralha-preta, a alvéola-branca, a garça-boieira, a carriça, o trigueirão e a toutinegra-de-barrete. O javali mostra também a sua presença, pelas fuçadas e espojadouros. Nas sebes, nos bosquetes e nas orlas dos campos agrícolas abundam plantas silvestres como a madressilva, a esteva, o lentisco, o rosmaninho, o carrasco, a carvalhiça, a gilbardeira e o trovisco. Algumas são usadas na culinária, como é o caso do loureiro, do espargo-bravo, do orégão ou do medronho. Nos sítios mais húmidos crescem juncais com hipericão e montraste e nas margens das linhas de água dominam os salgueiros.

O trilho cruza a Quinta da Mandorelha, local emblemático do Cercal, onde até há poucos anos se namorava e se dançava ao som da harmónica e da sanfona. Encontram-se vestígios da ocupação do Cercal desde a Pré-história, mas terá sido a partir da ocupação romana que o Cercal se tornou um dos locais mais habitados da região e é fácil perceber porquê: o relevo é aplanado, os campos estão protegidos dos ventos marinhos pela serra do Cercal e a água é abundante, vinda das nascentes da serra e distribuída pelas linhas de água que percorrem o território. Relatos do séc. XVIII descrevem o Cercal do Alentejo rodeado de “vastíssimos montados de sobro e grandes lezírias” produzindo as suas terras “copiosa colheita de trigo”. Para a prosperidade desta terra, a agricultura teve sempre um aliado –  a exploração mineira de cobre, ferro e manganês.  A maior exploração foi a de ferro, nas cinco minas desta freguesia – Cerro da Fonte Santa, Toca do Mocho, serra da Mina, serra das Tulhas e serra de Rosalgar, que cessaram a sua atividade em 2000.

Conta a lenda que, numa torre da casa das heras, na Mandorelha, um homem nobre prendeu a sua filha, impedindo-a de se encontrar com um plebeu por quem estava enamorada, e atirou a chave para a queda de água. Nos primeiros tempos de cativeiro, a rapariga vinha à janela, junto às águas revoltas, penteando-se enquanto entoava uma canção triste. Um dia deixou de aparecer, deduzindo as gentes que se teria atirado à água. A partir daí, em noites de lua cheia, o fantasma da jovem aparece na Mandorelha, penteando-se com pente de ouro e cantando como antigamente.

Pontos de Interesse

PR1 PTG – Percurso da Senhora da Lapa

Partindo da aldeia de Besteiros, segue-se em direção a este e à fronteira, subindo e descendo montes cobertos de estevais e montados de sobro, com uma presença mais marcada de eucaliptais e pinhais. No vale da ribeira do Soverete, as escarpas quartzíticas abrigam uma...

Carrascalinho

Entre solos arenosos e montes xistosos, duas paisagens diferentes, dois habitats complementares. Os solos arenosos, de ondulado suave, predominam no troço norte deste percurso, onde imperam os pinhais com matos de plantas aromáticas, orquídeas selvagens e plantas...