Um trilho na típica paisagem rural do barrocal algarvio, com os seus pomares e hortas. As margens do Ribeiro Meirinho criam um corredor fresco e surpreendente.
Partimos de Alte, uma das aldeias mais tradicionais do Algarve, com as suas casas caiadas de branco, os vasos de flores nas ruas estreitas de calçada e os típicos beirados e chaminés algarvias.
Tomando a direção do Sítio do Montinho, atravessa a aldeia e rapidamente entra na típica paisagem rural do barrocal algarvio, marcada por pomares de sequeiro com amendoeiras, alfarrobeiras e figueiras, bem como pequenas hortas e casario disperso.
Em Perna Seca, o percurso passa a trilho estreito. A vegetação adensa-se e em breve chegamos a uma pequena ribeira rica em vegetação ribeirinha, com freixos e loendros. Após a passagem pela ribeira, o percurso segue para a aldeia da Torre, onde o artesanato ainda é uma atividade importante. Daí segue para Norte, passando junto da Fonte Santa e ladeando pela direita o monte Rocha de Messines.
Segue ao longo do Barranco do Vale para logo subir até à Portela de Messines. Neste trajeto, a paisagem é rica em hortas e, por isso, vai encontrar vários tipos de engenhos hidráulicos (como noras, tanques e poços).
Caso percorra este setor na primavera, as suas narinas vão rapidamente aperceber-se do aroma doce da flor de laranjeira, vindo dum extenso pomar mesmo ao seu lado.
Um dos pontos altos deste setor é a passagem junto à margem do Ribeiro Meirinho. A vegetação ribeirinha, densa e vasta, cria uma paisagem surpreendente de sombra e frescura.
Mesmo antes de chegar à vila de São Bartolomeu de Messines, passamos junto de um dos locais onde o lendário guerrilheiro Remexido se refugiou no passado.
São Bartolomeu de Messines fica praticamente no centro do Algarve. Muitas das casas datam do século XVII e ainda têm cantarias de pedra. A povoação fica no sopé da encosta sul do Cerro Penedo Grande, junto à Serra do Caldeirão, que integra uma parte considerável da freguesia.
» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO
- Ermida de São Sebastião (Séc. XVIII);
- Ermida de Nossa Senhora da Saúde (Séc. XVIII);
- Igreja Matriz de São Bartolomeu de Messines (Séc. XVI);
- Casa do Poeta João de Deus.
» NATUREZA
Este percurso atravessa o barrocal algarvio, região bastante rica em vegetação natural. Encontramos numerosas espécies aromáticas (tomilhos, rosmaninhos, funcho, alecrim, entre outras), de uso medicinal, e muitas outras de grande interesse conservacionista, como sejam as orquídeas ou os narcisos.
Na passagem pelas ribeiras, vale a pena estar atento às galerias ripícolas (vegetação existente nas margens), nomeadamente na Ribeira do Vale ou no Ribeiro Meirinho. Destaque para a palmeira-anã (Chamaerops humillis L.), a única palmeira nativa da Europa, cujas folhas, colhidas no verão e secas ao sol, são utilizadas para diversos trabalhos de empreita (como por exemplo, cestos, esteiras ou abanicos).
A geologia adquire particular interesse com o aparecimento do Grés de Silves, rocha de tom avermelhado escuro, que antigamente se usava na construção: era um recurso disponível e a sua cor dava aos edifícios um aspecto diferenciado. Podemos vê-la no Castelo de Silves e na Igreja Matriz de São Bartolomeu de Messines. Com ela também se faziam pedras de amolar, dando origem a uma pequena indústria na freguesia, hoje abandonada.
O imponente cerro do Penedo Grande, que pode avistar desde a vila de São Bartolomeu de Messines, é, sem sombra de dúvidas, o ponto mais emblemático. Em termos de vegetação, neste local predomina o sobreiro, relembrando que o concelho de Silves foi um dos principais centros corticeiros de Portugal, e também alguns arbustos mediterrânicos como o rosmaninho (Lavandula luisieri), a roselha-pequena (Cistus crispus L.), a murta (Myrtus communis), ou o sargaço (Cistus monspeliensis L.).