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GR13 – Via Algarviana | Setor 11 – Monchique » Marmelete

4 h
14.8 kmDistância
NormalDificuldade
4 hDuração

O trilho atravessa a paisagem da Serra de Monchique, com as suas rochas e vegetação únicas. Passamos ao lado da Fóia (902m) e de encostas cultivadas em socalcos.

 

O percurso parte do Posto de Turismo e desce em direção ao Largo dos Chorões. A partir daqui, o caminhante vai subir durante cerca de 3 km, passando pelas ruelas e recantos da vila até entrar na floresta. Daqui segue viagem até ao Convento de Nossa Senhora do Desterro, que se encontra abandonado e bastante degradado. Por questões de segurança, desaconselhamos a sua visita.

Aqui encontra também um bonito sobreiral e uma soberba vista sobre a vila de Monchique. Se olhar com atenção, avista a Picota. Depois, o caminho converte-se num trilho estreito que mergulha num bosque denso de eucalipto até alcançar, a Norte, a estrada municipal. Cruza esta via e continua no eucaliptal. Pouco a pouco, a paisagem típica da montanha começa a revelar-se: as árvores são poucas, a vegetação rasteira é densa e os afloramentos rochosos são frequentes.

Até à Fóia, o percurso segue por uma estrada com uma magnífica panorâmica para Norte. A vegetação é dominada por densos estevais, tojos, zimbros e, pontualmente, por adelfeiras (Rhododendron ponticum subsp. baeticum), uma das plantas raras da Serra de Monchique. As antenas da Fóia assinalam o ponto mais elevado da Serra de Monchique e do Algarve (902 m). O percurso não passa por aí, mas não perca a oportunidade de fazer esse pequeno desvio.

Deste ponto, o itinerário segue até ao Penedo do Buraco, uma escarpa notável a Norte da Fóia, onde por vezes a vegetação se torna muito densa, com bastante tojo, até uma pequena barragem. Se percorrer este setor na primavera, mantenha-se atento: é provável que consiga ver Rosa-albardeira (Paeonia broteri) em floração.

Continua depois ao longo de um belo vale, onde ainda há antigos terraços agrícolas e animais a pastar. É um cenário idílico, mais uma das surpresas desta serra. Os socalcos são o tipo de campo de cultivo mais frequente nas áreas montanhosas com declives acentuados. Resultam da construção de patamares estreitos de terra arável, formando uma espécie de escada ao longo da vertente. Estão assentes em muros de suporte feitos de pedra (neste caso, sobretudo o sienito nefelínico característico da serra). Esta é uma clara intervenção humana que mudou a paisagem natural ao longo de muitos anos, de modo a moldar o local às necessidades da população. Hoje, mantém-se como valioso património histórico, cultural e agrícola.

O percurso passa depois junto de pequenos povoados serranos, como Vale da Moita, Barbelote e Porta da Horta, até chegar à Madrinha, onde se encontra instalado um parque eólico.

Voltamos a entrar num bosque de eucalipto, passando por Pardieiro. Mais adiante, alcançamos a estrada nacional 1087. A Via Algarviana cruza esta estrada, tomando o caminho em frente em direção a Picos, uma colina escarpada, bem visível ao longe e com uma vista muito bonita. Se tiver energia, faça um pequeno desvio para ver a serra a partir desse ponto. Nesta zona, o bosque de sobreiral domina a paisagem, tornando-a mais rica em diversidade vegetal e animal.

Marmelete já está bastante perto. Esta é uma das três freguesias do concelho de Monchique e está totalmente inserida na serra. À semelhança de outras localidades da região, a silvicultura, exploração da cortiça e madeira, suinicultura, apicultura, produção de medronho e alguma horticultura são atividades económicas com especial importância.

E assim termina o 11º setor da Via Algarviana. Aproveite a boa gastronomia desta região e, depois de jantar, peça um medronho. Dizem os populares que ajuda à digestão! Para os menos tolerantes a bebidas fortes, ou simplesmente mais gulosos, sugerimos a melosa, de cor amarelada. Seja qual for a escolha, é um aroma que vai guardar desta viagem.

 

O QUE PODE VER?

» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO

Convento de Desterro
Foi fundado em 1631 por Pero da Silva, “O Mole”, que viria a tornar-se mais tarde vice-rei da Índia. Reza a lenda que a construção deste convento franciscano resultou de uma promessa feita no alto mar por dois navegantes que estavam em perigo. Prometeram que, caso se salvassem, iriam construir uma igreja no primeiro lugar de terra que avistassem do mar. Diz também a lenda que o fundador trouxera consigo da Índia uma pequena imagem de Nossa Senhora, em marfim. Depois da sua morte, os frades veneravam a imagem como relíquia, até que, para a salvar do vendaval de 1834, um deles a escondeu debaixo do hábito e foi pedir a uma senhora que a guardasse. A imagem de Nossa Senhora do Desterro, orago do Convento, está atualmente na Ermida de São Sebastião.

Marmelete

  • “A Santinha”;
  • “Antigo Bebedouro”, restaurado com pedra da região;
  • Capela de Santo António (Séc. XVIII);
  • Casa do Medronho;
  • Fonte Velha ou Fonte dos Namorados (1926) – o mais antigo fontanário de Marmelete, cujo nome se deve ao facto de os namorados costumarem encontrar-se ali ao domingo à tarde, depois da missa;
  • Igreja da Nossa Senhora da Encarnação (Séc. XVII).

» NATUREZA

O clima em Monchique é caracterizado por uma elevada pluviosidade e temperaturas baixas no inverno, e fraca humidade e temperaturas elevadas no verão. A proximidade do oceano e o relevo explicam a frequência de nevoeiros e granizo, a queda de neve ocasional, os valores muito altos de nebulosidade, da humidade relativa e da pluviosidade.

As características muito próprias desta zona, no que diz respeito aos solos e ao clima, fazem dela uma “ilha” pedológica e climática, permitindo uma grande riqueza botânica. Encontramos aqui um conjunto misto de microclimas com habitats específicos. Monchique é, por isso, carinhosamente apelidado de “Jardim do Algarve”.

Os arbustos e matagais são uma excelente fonte de abrigo e alimento para diversos animais, sobretudo mamíferos como a raposa, o javali, a geneta e o saca-rabos. Nas aves, a Serra de Monchique acolhe espécies como o Pica-pau-malhado (Dendrocopos major), a Cia (Emberiza cia), a Felosinha-ibérica (Phylloscopus ibericus) ou a Toutinegra-do-mato (Sylvia undata), e ainda várias espécies de chapins. Das aves de rapina, destaque para a Águia-cobreira (Circaetus gallicus) e a Águia-perdigueira (Aquila fasciata), também conhecida por Águia-de-Bonelli.

O “Miradouro dos Picos”, situado no monte mais alto de Marmelete – Cerro dos Picos – tem uma vista privilegiada até à costa algarvia.

Pontos de Interesse

PR1 SNS – Costa de Sines

A península de Sines é um ponto mais ocidental de toda a Costa Alentejana, entrando pelo Oceano Atlântico. A relação com o mar faz de Sines uma cidade portuária, tradicionalmente piscatória e, desde as últimas décadas, um importante porto de águas profundas servindo...