O Aeroporto de Lisboa (até agora conhecido por Aeroporto da Portela) foi rebatizado com o nome de Humberto Delgado – o homem nascido há 110 anos, responsável pela criação deste aeroporto e da aeronáutica comercial em Portugal com a fundação da TAP, e candidato presidencial opositor do regime de Salazar em 1958, o que lhe valeu o popular cognome de “General Sem Medo” e o assassinato às mãos da PIDE, em 1965.
A cerimónia de descerramento da nova designação oficial do aeroporto lisboeta, que teve lugar no dia 15 de maio, contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro ministro, António Costa, do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, dos presidentes das Câmaras Municipais de Lisboa e Loures, Fernando Medina e Bernardino Soares, da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, do vice presidente e dos vereadores da autarquia lisboeta, respetivamente, Duarte Cordeiro, Paula Marques e Jorge Máximo, autoridades militares (com destaque natural para a representação da Força Aérea), dirigentes da ANA – Aeroportos de Portugal e de familiares de Humberto Delgado, incluindo o filho Humberto Rosa Delgado, netos e bisnetos.
Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, neste dia em que se assinalam os 110 anos do nascimento de Humberto Delgado, recordou que o processo de atribuição deste nome ao Aeroporto de Lisboa foi desencadeado em 2015, na passagem dos 50 anos sobre o assassinato do “General Sem Medo”, quando a CML, então presidida por António Costa, aprovou uma moção pedindo ao Governo a oficialização da nova designação proposta. Para o autarca, este é “um ato de justiça histórica”, dado o “papel central” que Humberto Delgado teve no desenvolvimento da aviação comercial em Portugal e na resistência à ditadura, com uma memorável campanha à Presidência da República que “marcou gerações”. Mas trata-se também de “um ato de construção do futuro” pois, segundo Fernando Medina, “os que passem por esta principal porta de entrada e saída do país vão ficar a conhecer melhor a nossa história”.
Depois do comandante aviador Humberto Rosa Delgado, filho do homenageado, agradecer, em nome da família, a atribuição do nome de seu pai ao aeroporto que “é o símbolo máximo da aviação portuguesa”, o primeiro ministro, António Costa, declarou que “cumprimos um ato de justiça histórica ao mesmo tempo que olhamos o futuro”, pois “voar é a vontade de liberdade e Delgado foi o Ícaro português do século XX”. Após elogiar Humberto Delgado como “pai da aviação comercial em Portugal” e a “capacidade mobilizadora da sua ação política”, pela qual “perdeu a vida mas salvou a honra”, o primeiro ministro destacou o “alto valor pedagógico para as novas gerações” desta iniciativa, para que saibam que “a liberdade de hoje parece natural mas foi-nos longamente negada e por ela muitos combateram e morreram”, para que “o país democrático de hoje seja o da abertura ao mundo”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que “só por si” valeria esta “homenagem ao pioneiro da nossa aviação e responsável por este aeroporto”; mas, para o Chefe de Estado, esta é também a homenagem ao que de “mais fascinante” se encontra em Humberto delgado: “o seu dramático percurso, a personalidade fulgurantemente indomável” de um “visionário de uma liberdade absoluta”, que “seduzia pelo desprendimento que lhe advinha da independência e da coragem”. Daí que tenha conseguido congregar em seu torno todas as correntes políticas de oposição à ditadura, sendo “simbólico que seja um governo talvez o mais à esquerda dos últimos anos e um presidente de centro direita a dar a chancela a esta homenagem”, uma vez que “é justo que a democracia lhe agradeça”.
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