Aumento de transaçõesno Centro Histórico do Porto, nos últimos anos, vem realçar desinvestimento nummercado que “estava 50% abaixo do seu potencial”, realça ConfidencialImobiliária, que hoje assinou com a Câmara acordo para monitorização de dados estatísticosnas Áreas de Reabilitação Urbana do concelho. Em causa está um instrumento quegarante informação transparente, de apoio à função que nesta área compete aopoder público: “preencher as falhas do mercado”, como sustentou Rui Moreira.
A dinâmica de reabilitação e de procura imobiliária a que se assiste no Porto “estende-se cada vez mais pelo que se pode conceber de uma Baixa alargada, de Cedofeita a Santo Ildefonso e Bonfim”.
Ao longo desses eixos, de modo crescente, a cidade “renova-se assumindo vocações complementares às do Centro Histórico”. A leitura é da Confidencial Imobiliário (Ci), que hoje assinou com a Câmara do Porto um acordo para o tratamento estatístico dos direitos de preferência em todas as Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) do concelho.
De acordo com a empresa, e “em resposta à consolidação das novas fontes de procura imobiliária – desde a turística à internacional, passando pela ‘Erasmus’ -, a cidade ganha um novo potencial, abrindo novas perspetivas em zonas que há muito pouco tempo estavam ausentes de qualquer plano de investimento”.
Nesta dinâmica, o Centro Histórico (única ARU para a qual a Ci tem já dados estatísticos sistematizados, fruto de uma parceria estabelecida com a Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana em finais de 2014) surge como paradigma de uma revitalização ímpar: no ano passado, o investimento nesta zona cresceu 64% face a 2015, com 154 milhões de euros e 513 imóveis transacionados.
Apesar da expressão destes números, eles devem ser interpretados à luz da realidade anterior a 2011, quando “o mercado estava 50% abaixo do seu potencial”, destaca a Confidencial Imobiliário, frisando que, “olhando hoje para esse território, torna-se incompreensível como era possível um espaço com esse potencial e relevância ser um deserto de valor e investimento”
Com o acordo estabelecido, a Cipassa a garantir uma monitorização sistemática e isenta dos dados estatísticos sobre transação, reabilitação e investimento imobiliário nas várias ARU do Porto – uma missão que há alguns anos assume em Lisboa.
Garante-se, deste modo, transparência num campo em que é comum a “informação imperfeita”, como salientou na assinatura do protocolo Ricardo Valente, vereador do Desenvolvimento Económico e Social.
Ação da Câmara é “corrigir” falhas do mercado
A relevância de instrumentos demonitorização, salientou por seu turno o presidente da Câmara, é importante para garantir um “mercado transparente em que todos percebem qual é a evolução, e que não se deixam enganar nem são enganados”. Aos poderes públicos compete vigiar e “preencher as falhas de mercado”, disse Rui Moreira.
Como explicou, é importante “deixar que o mercado funcione”, com os benefícios para a economia privada a se traduzirem, também, em impostos que permitam “compensar” as próprias falhas do mercado.
“É isso que o município está a fazer: quando reabilitamos casas no Centro Histórico e as destinamos aos munícipes que não têm possibilidades de viver dentro do mercado, estamos exatamente a corrigir as falhas do mercado sem o impedir de funcionar”.
Sobre a evolução no Centro Histórico, o autarca notou que o licenciamento “quadruplicou em quatro anos”, sendo função do poder público resolver as situações sem as complicar.
Lembrandoque o crescimento da cidade tem “um fortíssimo impacto nas infraestruturas”, Rui Moreira não contornou a questão do trânsito na Baixa, fruto também das muitas obras de reabilitação imobiliária.
“Aí, naturalmente que a Câmara tem de ter políticas ativas no sentido de atenuar o impacto” desse investimento na qualidade de vida dos cidadãos.
“Mas não nos enganemos: pior seria se, em vez deste investimento, a cidade estivesse aperder como perdeu durante tanto tempo, e o Centro Histórico fosse hoje tão abandonado como era em 2001, quando cheguei à Associação Comercial do Porto, ou como quando o dr. Rui Rio, em boa hora, criou a Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo” – recordou o presidente da Câmara, concluindo que onde há investimento “há dores de crescimento. Temos de viver com elas, mas é assim que as cidades se tornam maiores”.
Refira-se que a Confidencial Imobiliário, um databank, é a única fonte em Portugal com dados estatísticos sobre preços de transação e contratos de arrendamento de imóveis residenciais.