“Acho que isto é bom para o Porto!”, diz o Mestre Bessa, cujo retrato de Marcelo Rebelo de Sousa foi hoje escolhido pelo próprio Chefe de Estado para integrar a galeria oficial da Presidência da República.
Com orgulho, mas sem vaidade, o artista portuense estende a toda a cidade a satisfação por a sua pintura ter sido a opção de Marcelo Rebelo de Sousa como a que “retrata aquilo que terá sido, no final, o meu mandato”. E que, por isso, irá integrar a galeria oficial dos Presidentes da República no Palácio de Belém.
“Desde que me conheço que pinto sempre”, disse ao “Porto.” o Mestre Bessa, cujo brilho nos olhos iguala o que o próprio Marcelo Rebelo de Sousa exibiu quando se deparou com a pintura, ao passear pela Rua do Almada durante os seus trajetos a pé pela cidade, entre as diversas sessões que integram as comemorações oficiais do 10 de Junho no Porto.
“É o sonho de qualquer artista, quase inatingível. É como ganhar o Festival da Canção”, declara o Mestre que, aos 63 anos, sabe perfeitamente articular-se com a atualidade social. E que se mostra emocionado pelo “brilho dos olhos dele quando viu o quadro. Foi impressionante!”.
Orientado pelo presidente da Câmara, Rui Moreira, cujo retrato está também já no portefólio do artista (assim como o de Pinto da Costa, entre outras personalidades que “tiveram a mesma reação e o mesmo brilho nos olhos”), Marcelo Rebelo de Sousa passou pela montra que o ateliê tem diretamente virada para a rua. E viu, logo ali, que tinha encontrado o retrato que espelha o seu estilo e maneira de ser.
“Quanto custa?”, perguntou o Chefe de Estado. “Nada, Presidente, é o preço de um abraço!”, respondeu Mestre Bessa. E explica ao “Porto.”: “É que ele abraçou-me um dia e entrou no meu coração”.
Perante o achado, o Presidente da República ficou sem saber como transportar a obra, de dimensões consideráveis, “mas eu disse que ia lá levar, pensando que era para casa dele, para pôr na sala”, diz o Mestre. “Mas respondeu-me que então levasse o quadro para a Presidência porque ia para a galeria oficial!”.
A decisão, que Mestre Bessa repete ser “boa para o Porto”, sem nunca se referir à satisfação pessoal que lhe terá decerto provocado, premeia um trabalho de dois meses e meio a pintar. Mas que foi antecedido de muito mais tempo em pesquisa.
“Não sabia se havia de pintá-lo num sofá, até que encontrei esta foto (creio que de Cabo Verde) em que está assim, sentado desta maneira, nuns degraus, como o povo!”, frisa o pintor, recordando porém que “estava triste”. Por isso, “tive de procurar outra para a cara, porque ele é um homem alegre”. Tal como o Mestre Bessa ao saber que um seu trabalho vai diretamente para o Museu da Presidência da República.
Agora, às dezenas de turistas que já paravam em frente à montra a vê-lo pintar, juntam-se jornalistas e muitos transeuntes, enquanto ainda conseguem ver ali Marcelo Rebelo de Sousa. Porque, mesmo que seja apenas em retrato, “é rebelde, é selvagem, é ele!”.