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Projeto Alumia deixou na cidade memórias de luz

O rasto artístico (e de luz) deixado pelo Alumia, programa cultural dinamizado pela PortoLazer entre dezembro de 2016 e julho de 2017, foi o tema central de um encontro promovido esta sexta-feira no Hard Club. O lançamento de um catálogo e a inauguração de uma exposição de fotografia marcaram o momento final deste projeto, que embora efémero, deixou marca na cidade “pirilampo”.

Duzentos e setenta dias depois do seu primeiro momento, coincidente com a efeméride da celebração dos 20 anos da classificação do Centro Histórico do Porto pela UNESCO, o programa Alumia chegou ao seu término.

Uma conversa, o lançamento de um catálogo e a inauguração de uma exposição de fotografia assinalaram o encerramento deste projeto, dinamizado pela PortoLazer e que juntou vários artistas, coletivos, escolas e instituições da cidade, sempre em torno da luz e de como esta poderia transformar a perceção pública do território classificado como Património Mundial.

Foram sete meses, 15 instalações artísticas e várias outras atividades culturais que envolveram a população da cidade e que transformaram a perceção pública de alguns dos espaços mais emblemáticos do Centro Histórico do Porto.

A arte e o espaço público; o efémero e a continuidade; a memória e o património; a arquitetura e o urbanismo; a política e os impostos; a cidade e a comunidade; a luz e também o vento.

Estes foram apenas alguns dos temas que serviram de mote à conversa que a PortoLazer organizou esta sexta-feira, em jeito de balanço e reflexão, e que juntou muitos dos intervenientes do projeto que decorreu na cidade ao longo dos últimos sete meses.

Criado a propósito da efeméride dos 20 anos da classificação do Centro Histórico como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, o Alumia tinha na sua génese o tema da luz e da sua relação com o património da cidade, tendo originado dois roteiros de instalações temporárias em pleno Centro Histórico e várias outras atividades complementares.

Dezenas de artistas participaram no Alumia e as suas instalações tiveram um forte envolvimento com o espaço e a população do Centro Histórico, tantas vezes aclamado pela sua riqueza histórica, cultural e paisagística, mas muitas vezes desconhecido até para os próprios habitantes da cidade.

 

Rui Moreira: “Foi como um vento que passou pelo Porto”

Moderado por Andreia Garcia, Eduarda Neves (diretora da Escola Superior Artística do Porto) e Silvestre Pestana (artista), o encontro – de entrada livre – reuniu artistas, responsáveis pelo projeto e público em geral. No final, o presidente da autarquia portuense, Rui Moreira, resumiu o espírito e o legado deixado pelo Alumia.

“A arte e a cultura fazem parte do desenvolvimento humano e, neste particular, temos a obrigação de ser consequentes. De certa forma, fizemos uma exposição pela cidade ao longo destes meses e foi muito curioso verificar o impacto que as obras tiveram na população. Curiosamente, eram as pessoas mais velhas, algumas com mais de 80 anos, que vinham ter comigo e pediam para que as obras não fossem desmontadas, que já se tinham habituado àquela presença. Penso que esse é o maior legado do Alumia. Não foi apenas um roteiro de luz; foi como um vento que passou pelo Porto, efémero, mas que deixou marca”, afirmou Rui Moreira.

Um sentimento que teve eco em Silvestre Pestana, artista madeirense há muito radicado no Porto e que destacou a ousadia de um programa que trabalhou uma matéria – a luz – muito presente na sua própria obra.

“Sou madeirense. Cheguei ao Porto há 40 anos e trazia comigo um enorme impulso de intervir, de crescer. Felicito os responsáveis da autarquia pela ousadia de encontrarem a luminescência da noite. É um tempo novo. É uma cidade que quer ser pirilampo”, referiu Silvestre Pestana.

Ao seu lado, Eduarda Neves solicitou os testemunhos dos artistas que participaram nos dois roteiros artísticos do Alumia.

A importância das obras na promoção e valorização do património onde estavam inseridas, a dinâmica de estranheza e posterior apropriação de identidade que muitas delas provocaram na população do Centro Histórico, o caráter efémero mas transformador da arte (e da luz) no pulsar da cidade, e o envolvimento de centenas de adultos e crianças nos Serviços Educativos que acompanharam várias das obras foram outros temas abordados num encontro que culminou com uma exposição de fotografia a documentar os principais momentos do Alumia, um programa cofinanciado por fundos comunitários no âmbito do programa Operacional Norte 2020.

 


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