Começa hoje nas águas do Porto e Matosinhos o Campeonato do Mundo de Vela, categorias 49er e 49erFX. É a maior competição do género alguma vez realizada em Portugal, envolvendo uma das classes olímpicas mais importantes da modalidade. Os melhores atletas internacionais, designadamente dezenas de medalhados olímpicos e campeões mundiais, disputam até 2 de setembro uma prova que bate os recordes de participação – envolve 145 embarcações e mais de meio milhar de pessoas.
A dimensão do evento foi realçada hoje de manhã, em conferência de imprensa, no “melhor estádio de vela do mundo”, o Terminal de Leixões. É desta estrutura multipremiada que poderá assistir-se na primeira linha às regatas de uma competição que marca o arranque da preparação para os Jogos Olímpicos 2020 e coloca a região no grande plano internacional, com transmissões televisivas em mais de 170 países.
À importância do momento desportivo associa-se a relevância em termos económicos e a projeção da Frente Atlântica de cidades vizinhas. “Longe vão os tempos em que o bairrismo dividia territórios contíguos”, como disse o presidente da Câmara do Porto.
O campeonato, organizado pelo Clube de Vela Atlântico (CVA) e com o apoio institucional de várias entidades, acontece estender-se de Matosinhos ao Porto, mas poderia ser só num dos municípios ou integrar, como já aconteceu noutras iniciativas partilhadas, Vila Nova de Gaia. Em qualquer caso, é toda uma região que ganha, não valendo a pena alimentar “uma visão minimalista”, considerou Rui Moreira.
Já antes, o vice-presidente da Câmara de Matosinhos,Fernando Rocha, aludira a este espírito de coesão ao assumir “sem complexos” a importância de eventos como este “na promoção do território e da marca Porto ao nível internacional”. Fortalecer sempre e mais a parceria estratégica entre os municípios da Frente Atlântica da região metropolitana do Porto foi, aliás, uma necessidade deixada pelos dois responsáveis autárquicos.
No Norte fez-se o impossível
Uma década depois de Cascais, é a vez do Norte receber o Campeonato Mundial de 49er e 49erFX, organizado em tempo recorde.
“Em dois meses fez-se o impossível: o melhor evento internacional de vela realizado no Norte de Portugal nos últimos anos. Mas este é o nosso padrão; sabemos fazer bem” – salientou esta manhã Rodrigo Moreira Rato, elemento associado à organização da prova.
Também o presidente do CVA, Miguel Lopes Cardoso, assinalou que em maio último “este campeonato estava perdido para Portugal. Em 48 horas fizemos uma proposta, numa semana ficámos responsáveis por montar uma prova que, normalmente, demora um a dois anos a ser organizada. Em 15 dias, juntámos mais de 160 voluntários”.
O facto é que, como frisou, “seria uma irresponsabilidade deixar escapar” uma iniciativa que traz enorme retorno. “Nunca no país houve um campeonato de vela tão grande”, lembrou, acrescentando que muitos dos atletas internacionais “estão cá há quase um mês”.
Estas presenças, a visibilidade mediática da prova e a sua componente financeira (conta com equipas com orçamentos muito elevados) resultam no “enorme impacto económico na região e no país”, estimado pela organização em pelo menos 1,5 milhões de euros.
Também Melchior Moreira, presidente da Turismo do Porto e Norte, sustentou a importância e a capacidade manifestada por uma região que “é hoje assumidamente um ponto estratégico em termos internacionais”.
350 velejadores, 60 nacionalidades
São 350 os velejadores masculinos e femininos, representando 60 nacionalidades, que participam neste Campeonato. Entre outros factos, aprova que agora começa a disputar-se marca o primeiro encontro após os Jogos Olímpicos Rio’ 2016 das quatro tripulações femininas da competição FX.
Das várias estrelas olímpicas da modalidade presentes, pode destacar-se o australiano Nathan Outteridge ou o brasileiro Robert Scheidt; na competição feminina, a campeã Martine Grael, atleta de Niterói.
A defender as cores nacionais estão as duplas Jorge Lima/José Luís Costa, Francisco Maia/Afonso Maia e Rodolfo Pires/Gonçalo Pires.
O presidente da Câmara do Porto, antigo velejador e por duas vezes campeão nacional pelo CVA, aproveitou para “lançar o apelo ao Estado para que volte a apostar na modalidade e a colocá-la no mapa”. Como salientou, nem tudo pode ser só futebol, por muito que aprecie esse desporto, sendo que um campeonato de vela como o que agora começa “não pode ter menos impacto” do que outros grandes eventos desportivos.
Dirigindo-se aos atletas presentes na conferência de imprensa, Rui Moreira deixou um desejo: “Que haja bom vento. Sempre gostei de velejar com vento”. À organização internacional da prova, o autarca agradeceu “a confiança depositada em nós. E a confiança, como se sabe, é muito importante na vela”.
PROGRAMA
25 e 26 de agosto
09:00-18:00 | Inscrições / Inspeções
27 de agosto