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Teatro da Trindade

O Teatro da Trindade foi inaugurado a 30 de novembro de 1867, por iniciativa de Francisco Palha, com desenho do arquiteto Miguel Evaristo. O edifício, com traços pombalinos e neoclássicos, foi erguido entre a Rua da Misericórdia, o Largo da Trindade e a Rua Nova da Trindade e integrava também um Salão, onde decorriam concertos, conferências e bailes. Na récita de abertura foram apresentados o drama A Mãe dos Pobres, de Ernesto Biester, e a comédia espanhola O Xerez da Viscondessa. Com um elenco de luxo – Tasso, Isidoro, Leoni, Eduardo Brasão, Delfina e Rosa Damasceno, entre outros – era natural a aposta no drama e nas comédias de costumes (como veio a acontecer), mas foi a opereta que se impôs nos primeiros anos, com destaque para as criações de Offenbach (O Barba Azul ou Bela Helena). A música dominou o repertório nas primeiras décadas, com operetas, óperas-cómicas, vaudevilles e zarzuelas. Após a morte de Francisco Palha (1890), Sousa Bastos dirige o teatro a partir de 1894 e introduz a revista no repertório, género que teria um período áureo antes e depois da República. A partir de 1901, o Trindade passa a ser gerido por Afonso Taveira, que em 1908 cria uma companhia de ópera, efémera mas inovadora, totalmente constituída por cantores portugueses.

Em 1921, o Trindade é vendido à Anglo Portuguese Telephone Company, o Salão é demolido e o recheio do teatro vendido em leilão. Regressa à vocação teatral em 1924, depois de adquirido por José Loureiro e da reconstrução do interior. Inicia uma nova era, em que passa sobretudo a ser palco de apresentação de várias companhias: Aura Abranches, Satanela/Amarante, Palmira Bastos, Alves da Cunha/Berta de Bívar, Lucília Simões/Erico Braga, Eva Stachino, Hortense Luz ou Rey Colaço/Robles Monteiro. Acolhe também trupes internacionais, nomeadamente, na década de 1920, a companhia Velasco (espanhola), a companhia do Bataclan (Paris), com os seus nus artísticos, e a Revue Nègre. Durante a década de 1930 o repertório é dominado por companhias nacionais, com comédias e revistas para toda a família, em linha com a visão mais conservadora da sociedade imposta pelo regime.

Em 1938, o Trindade abre como cinema, função que mantém durante cerca de duas décadas, sem nunca abandonar o teatro. No início dos anos quarenta acolhe a estreia da Companhia de Bailados Verde Gaio, criada por António Ferro, e vários espetáculos de Josephine Baker. Nos anos seguintes, mantendo as projeções cinematográficas, passam pelo teatro companhias que assumem uma postura artística inovadora, como os Comediantes de Lisboa, de Francisco Ribeiro, e o Teatro D’Arte de Lisboa, de Orlando Vitorino e Azinhal Abelho, com peças como Miss Ba, de Rudolf Besier, O Pigmalião, de Bernard Shaw, Bâton, de Alfredo Cortez, Yerma, de Lorca ou As Três Irmãs, de Tchekov. O Teatro Nacional Popular, dirigido por Francisco Ribeiro, apresenta, a partir de 1957, peças de grandes nomes da dramaturgia mundial e estreia em Portugal, À Espera de Godot (1959), de Samuel Beckett. A década de 1960 é ocupada pela Companhia Nacional de Teatro, de Couto Viana, fundador do Teatro do Gerifalto, companhia de teatro para a infância e juventude, que desde 1956 atuava também no Trindade.

Em 1962, o teatro é vendido à FNAT, atual INATEL. José Serra Formigal assume a direção e cria a Companhia Portuguesa de Ópera, projeto que tenta recuperar a iniciativa de Afonso Taveira e que que se mantém até 1975, com a apresentação de várias óperas ao longo dos anos. No período após o 25 de Abril de 1974 são apresentados espetáculos diversificados, com destaque para algumas peças proibidas pela censura, de Brecht e Peter Weiss. Em 1990, José Carlos Barros assume a direção e determina a realização de obras de restauro. Em meados de 1992, já sob a direção de Rui Paulo Calarrão, o teatro reabre e inaugura a Sala Estúdio. Em 1995 e 1996, o Trindade foi dirigido por Antonino Solmer.

A partir de 1997, já com Carlos Fragateiro na direção (entre 1996 e 2006), o Trindade volta a apostar na produção própria, com Cyrano, encenado por Cláudio Hochman, a partir da peça de Edmond Rostand. Inicia também um importante trabalho na área da formação e da relação com as escolas. No arranque do novo século destacam-se as produções O Magnífico Reitor e Viriato, de Freitas do Amaral. Após a saída de Carlos Fragateiro, o teatro é dirigido por José Alarcão Troni (até ao final de 2007), por Rui Sérgio (2008-2009) e Cucha Carvalheiro (2009 -2012). Em 2013, sob a direção de Rui Sérgio (entre 2012 e fevereiro de 2016), o teatro passa a funcionar como estrutura de acolhimento, com convites públicos a criadores e produtores teatrais. Neste período aposta em ações no âmbito do Projeto Comunidade, entre as quais as Conferências do Trindade.

No ano em que assinala 150 anos de existência (2017), com Inês de Medeiros na direção (2016-2017), o teatro regressa à produção própria, com destaque para o espetáculo comemorativo Todo o Mundo é Um Palco, de Beatriz Batarda e Marco Martins. Diogo Infante assume a direção em novembro de 2017. Em 2018 promove uma homenagem a Carmen Dolores, com o espetáculo Carmen e a atribuição do nome da atriz, que se estreou no Trindade em 1945, à sala principal.

Com uma história multifacetada, feita de teatro mas também de ópera, música, cinema ou bailado, o Trindade continua hoje a assumir-se como um palco de diversidade e a cumprir a vontade do seu fundador: apresentar um repertório popular mas de qualidade, para um público diversificado.

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