Centro d’Artes inaugura exposição do coletivo de pintura automática de Amsterdão
Artes Plásticas
O Centro d’Artes de Aljustrel inaugura, no dia 14 de abril, às 17h30, a exposição CAPA – Collective Automatic Painting Amsterdam, com obras de quatro dos seus artistas, nomeadamente Freddy Flores Knistoff, José Estevão, James Burns e Jorge J. Herrera Fuentealba.
Este coletivo de pintura automática de Amsterdão (CAPA) é conhecido, desde a década de 90, em alguns circuitos académicos e independentes de arte contemporânea internacional, devido à sua presença ativa em eventos e exposições.
Os elementos que sustentam a natureza do CAPA são diversos, no entanto, a intensa atividade intelectual é considerada capital dentro de seu processo de criação que surge em torno do conceito de automatismo físico. A destruição do ego através da modificação e apropriação, o papel social na colaboração e visão sobre o papel do artista como um revolucionário, bem como a busca inesgotável pelo sublime na descoberta de composições colaborativas incomuns, que se situam, muitas vezes, entre os limites do linguístico e do iconográfico, são outros dos elementos.
Os artistas do grupo CAPA não aceitam os dogmas “fundadores” e as “perspetival fixas” impostos pela sociedade capitalista, e questionam-se sobre a capacidade de poder atingir a liberdade, sem confundir esta com a decadência, vivendo mais uns para os outros, criando um mundo mais sustentável.
Assim, “infiéis à realidade”, a sua arte não respeita a verticalidade na qual a sociedade está “organizada”, nem observa o mundo daqui para o horizonte, nem do céu para a terra. Pintar, para eles, é um ato de criatividade perigoso que se encontra num campo ainda não tocado pelos factos, em que as imagens são reduzidas a uma matéria não utilizável pelo poder, e onde se vislumbram novas possibilidades de comunicação comunitária e criativa. O artista não se quer um sujeito assujeitado; sabe que é um objeto, mas um “objeto que sente”, com o seu trabalho individual ou coletivo. A sua intenção é criar participantes, criando neles um desejo de criar, que não reproduza o desejo do capitalismo de desastre e catastrófico.
Esta exposição do CAPA chegou a Aljustrel pela mão de José Estevão, que aqui nasceu em 1952, mas que, desde 1972, vive na Holanda, onde estudou animação cultural, ciências políticas e filosofia. Ligado na juventude ao grupo de jovens surrealistas de Évora, foi membro do grupo surrealista na Holanda, redator da revista surrealista Droomschar, e membro do conselho para as artes da Câmara de Amesterdão. Contribui regularmente para os livros de arte da editora Hybriden-Verlag de Berlim. O seu trabalho (pintura e cerâmica) tem sido exposto em várias galerias e festivais na Holanda, Bélgica, Espanha e USA.
O artista plástico, Freddy Flores Knistoff também vai estar representado. Nascido no Chile, em 1948, vive em Amesterdão, desde 1985. Fundador do CAPA, em 1991, é um dos seus mais importantes proponentes na Holanda. Tem participado em inúmeras exposições e edições de numerosos livros de artista e trabalhos em colaboração com outros artistas de renome.
James Burns, outro dos artistas em exposição, é um pintor expressionista americano, nascido, em 1948, no Dakota do Sul. Matriculou-se na Faculdade de Artes e Ciências, com especialização em Studio Art. Após residir em diversas cidades americanas, mudou-se para Amsterdão. Em 1996, recebeu um convite para pintar com os chamados Novos Artistas da CoBra do artista Freddy Flores Knistoff que, com o artista holandês, Rik Lina, e outros, continuam até hoje a experimentação espontânea de pintura colaborativa.
Jorge J. Herrera Fuentealba nasceu, em 1970 no Chile. Em 1989, emigrou para a Holanda, onde estudou arte, em Amsterdão. Em 2001, começou a trabalhar no grupo CAPA com Freddy Flores Knistoff. Com exposições em diferentes países e cidades do mundo e da Europa, os seus trabalhos são publicados regularmente pela editora Hybriden-Verlag de Berlim.
A exposição destes artistas internacionais vai estar patente ao público, no Centro d’Artes, até ao dia 3 de maio.