Realiza-se, no próximo dia 8 de abril, o segundo concerto da Temporada de Música de Óbidos, pela Orquestra Metropolitana de Óbidos. O espetáculo decorrerá no Santuário do Senhor Jesus da Pedra, às 21 horas, e terá música de Ravel, Villa Lobos e Beethoven.
“Em espetáculo, é natural que os efeitos aparatosos e os fulgores épicos conquistem maior popularidade. Tal não significa, porém, que sejam condição essencial para o sucesso da obra artística. Porque são raros os compositores de «uma só cara», o programa deste concerto reúne três obras que preencheriam com distinção o «Lado B» do mais valioso disco de coleção. São registos expressivos que contradizem as imagens que vulgarmente associamos aos compositores em causa, permitindo compreender melhor a razão porque cada um deles inscreve o nome entre os maiores da História da Música.
Na vez do crescendo avassalador do Bolero, ou da vertiginosa precipitação de La valse, ouve-se a nostálgica beleza da «Pavana para uma infanta defunta», uma peça que o jovem Maurice Ravel escreveu para ser tocada ao piano. Cedo esta se tornou familiar entre os intérpretes amadores, dando origem, alguns anos mais tarde, a uma adaptação para orquestra realizada pelo próprio compositor.
Sobre o ritmo processional da pavana, uma dança italiana que em Espanha derivara em associações fúnebres, Ravel refletia a influência de sua mãe, que vivera muitos anos em Madrid. Mas o lamento dirige-se aqui a uma princesa imaginária, já que, para a escolha do título, nada mais terá contribuído do que a sonoridade do dizer «Pavane pour une infante défunte».
Já na vez do arrebatador sentimentalismo dos célebres prelúdios para guitarra de Heitor Villa-Lobos, ouve-se o pendor classicista do Concerto para Guitarra e Pequena Orquestra. Completado numa primeira versão em 1951, sob o título «Fantasia Concertante», foi estreado nos E.U.A. cinco anos mais tarde, já na condição de Concerto.
Para isso contribuiu a inclusão de uma «Cadenza» para o solista no final do segundo andamento, a pedido do dedicatário da obra, o lendário guitarrista Andrés Segovia. É uma composição de final de carreira que sintetiza o profundo conhecimento que o músico brasileiro tinha deste instrumento.
Por fim, na vez do carisma impetuoso da Quinta Sinfonia de Beethoven, ouve-se o experimentalismo sonoro da Sinfonia Pastoral. Tendo sido estreadas no mesmo concerto de 22 de dezembro de 1808, não poderiam ser mais diferentes uma da outra. A retórica musical desta Sexta Sinfonia relaciona-se estreitamente com a evocação explícita de retratos poéticos da vida rural. As paisagens bucólicas e os ciclos da natureza servem de pretexto para recursos de escrita que ainda hoje surpreendem. São ritmos obstinados, transformações progressivas, encadeamentos melódicos e texturas orquestrais cujo efeito os livros não explicam.”
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Recorde-se que a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Câmara Municipal de Óbidos celebraram, no passado dia 13 de março, um protocolo com vista à realização de uma Temporada de Música, durante o ano de 2016, em Óbidos. Serão, ao todo, seis concertos, que decorrerão ao longo do ano, e que terão o projeto Óbidos Vila Literária como mote. No entanto, este protocolo será também uma forma de chamar a atenção para o estado de conservação do Santuário do Senhor da Pedra, local onde decorrerão cinco dos seis concertos programados.
Concerto 8 de abril de 2016
RAVEL, VILLA_LOBOS, BEETHOVEN
ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA
JOÃO LEITÃO GUITARRA (laureado PJM 2014)
PEDRO NEVES MAESTRO
Maurice Ravel Pavane pour une infante défunte
Heitor Villa-Lobos Concerto para Guitarra, W501
Ludwig van Beethoven Sinfonia N.º 6, Op. 68, Pastoral
Bilhete Normal – €7,50
Bilhete de Temporada – €25,00 (5 concertos)
Cartão Estudante e Terceira Idade – €5,00
Alunos e Professores das Escolas de Óbidos – €5,00
Crianças dos 6 aos 12 anos – €4,00
À venda nos locais habituais.