Em 2002, Isidoro Valcárcel Medina (Murcia, 1937) mostrou na Fundació Tapiès, em Barcelona, um arquivo composto por 18.000 fichas que levava ao paroxismo a ideia de retrospetiva como certidão de óbito do artista – era literalmente um monumento fúnebre ao seu trabalho.
Em 2006, ele realizou, no contexto de uma exposição da Coleção do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, uma obra impossível de ser colecionada: pintou de branco uma enorme parede branca, usando para esse fim um pincel muito fino, e fazendo-se pagar por esse trabalho como um comum pintor de paredes. Em 2009, durante três meses, o artista propôs ao visitante do Museo Reina Sofia, em Madrid, uma visita guiada áudio à exposição da respetiva coleção que se alheava dos critérios discursivos e de valor estabelecidos pela instituição.
Estes são apenas alguns exemplos da atitude crítica de Isidoro Valcárcel Medina relativamente às convenções que regem a produção, a distribuição e a apresentação da arte. Uma atitude crítica que se manifesta numa apropriação desviante de convenções sociais e culturais, respeitando as suas regras formais, mas subvertendo o seu conteúdo e sentido.
O que está em causa na atitude serenamente insubordinada de Isidoro Valcárcel Medina, em última instância, é a questão do indivíduo enquanto sujeito emancipado. Para esta exposição na Culturgest, ele concebeu um conjunto de obras que questionam a fronteira, mais concretamente a fronteira geográfica entre Portugal e Espanha, como construção política e cultural que nos constitui enquanto indivíduos.
A exposição decorre de 29 de outubro a 8 janeiro 2017, na Galeria 1.
Duração: 45 minutos
Marcação prévia.
Ponto de encontro: bilheteira