Trinta anos exatos separam o verismo de Pagliacci (1892) do expressionismo de Der Zwerg (1922). Se Leoncavallo, também ele um homem de letras, escreveu o libreto para Pagliacci inspirado num incidente da sua infância, é provável que o desfecho dramático da relação de Zemlinsky com Alma Schindler – futura sra. Mahler – tenha encontrado um paralelo irónico num conto de Óscar Wilde e inspirado o compositor para o libreto da sua ópera Der Zwerg onde uma infanta ludibria um anão, fazendo-o acreditar no seu amor apesar da aparência física. Tal como em Der Zwerg a infanta Donna Clara se cansa do seu brinquedo vivo de triste figura, também Nedda, em Pagliacci, repele o palhaço Canio, preferindo-o a Sílvio. E assim os dois homens descobrem a dolorosa recusa do amor que só a morte conseguirá resgatar.
Libreto | Ruggero Leoncavallo / Georg Klaren
Encenação | Nicola Raab
Direção Musical | Martin André
CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS | Maestro titular Giovanni Andreoli
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA | Maestrina titular Joana Carneiro
31 março e 4, 6 e 8 abril | 20h00; 2 abril | 16h00