À boa da noite começam a cair as máscaras. A flora uma (outra) verdade. À boca da noite regressam os fantasmas que nos assombram, mas também as memórias que nos são queridas. A infância. O passado. Tudo o que nos define lá no fundo. Tudo o que é instintivo. Primordial. À boca da noite surge sempre o outro, o que durante o dia não existe. À boca da noite rememora-se o passado. Sentem-se as sombras do presente. Projetam-se os passos no futuro. Funde-se por isso o tempo num momento. À boca da noite somos unos, verdadeiros. E por vezes entregamo-nos à noite, como se nunca houvesse amanhã…
Espectáculo especial. Poesia. Música. Encenação. Venham viver esta experiência connosco. Mais informação em breve. Entrada gratuita. ATENÇÃO: concentração a partir das 22 h, espetáculo inicia no MÍNIMO ÀS 22.30 h.
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
—
David Mourão-Ferreira