Os trabalhos que se apresentam nesta exposição (cujo título se apropria de um verso popular português publicado no compêndio de João Homem MachadoFolclore da Ilha do Pico [1990]), constituem-se por elementos da recente investigação conceptual, técnica e formal que uma viagem à ilha do Pico, em 2016, desencadeou em Rui Inácio. São vestígios informes que conduzem-nos subliminarmente à presença das encostas vulcânicas deste lugar remoto.
Rui Inácio insiste que desenha, o que demonstra que a sua atividade artística é crescentemente conceptual — parte de um fenómeno cultural disperso, sem um estilo visual único. O Desenho é aliás, segundo o artista, o motor do seu pensamento. De certo modo os valores que Rui Inácio, de forma sistemática, vai desenvolvendo nesta série de trabalhos contêm elementos oníricos de uma paisagem em potência, a partir de uma complexa abordagem às possibilidades de representação que o conceito de Paisagem lhe sugere.