Se recuarmos pouco mais de um ano, aDessa Carne Lassa do Mundo, peça inspirada emRomeu e Julieta de Shakespeare, os amores trágicos aparentam continuar a inspirar o teatro coreográfico e imagético de Daniel Gorjão. Agora, o cofundador do Teatro do Vão parte para outro clássico,A Menina Júlia de Strindberg, fazendo de Jean, o criado, e de Júlia, a jovem aristocrata, instrumentos que permitam “olhar para o fundo de nós”.
A Gorjão “interessa o motor dessa paixão, o desejo bruto que nos atrai uns para os outros como animais ferozes e quebra todas as barreiras, para chegarmos ao outro e para chegarmos a nós próprios”. E,A Menina Júlia, texto que o próprio Strindberg considerou ser sobre o “problema da superioridade e da inferioridade, do bem e do mal, dos homens e das mulheres”, continua passível de questionar e transportar cada um de nós para, como sublinha o encenador, “a zona onde a temperatura acende e abala a consciência”.FB