Esta exposição, com curadoria de Sara Antónia Matos, dá seguimento ao programa de exposições do Atelier-Museu Júlio Pomar que, todos os anos, procura cruzar a obra de Júlio Pomar com a de outros artistas, de modo a estabelecer novas relações entre a obra do pintor e a contemporaneidade.
A exposição é pensada, desde a sua génese, como uma intervenção específica no espaço do Atelier-Museu, onde Júlio Pomar e Pedro Cabrita Reis, através de objectos, esculturas eassemblages, exploram composições em materiais variados revelando a intensidadenose dos pequenos gestos.
Trata-se de usar pedaços ou fragmentos de materiais, quase sem intervenção dos artistas, como se as matérias-primas fossem apropriadas pelos autores devido às associações que potenciam, e combinadas entre si, como manchas ou planos de tinta, sem necessidade de modelação ou recurso a outro processo de trabalho escultórico.
Pedro Cabrita Reis mostra uma série de esculturas e objetos feitos com materiais de várias proveniências, nomeadamente materiais encontrados na rua e na praia. Curiosamente, foi também na praia, durante um período de quatro meses de férias e trabalho no Algarve, no Verão de 1967, em Manta Rota, que Júlio Pomar começou a produzirassemblages de objetos e materiais aí encontrados, corroídos e desgastados pelo sal, pelo sol, pelo tempo…
Com mais ou menos incidência, asassemblages ou construções viriam a pontuar o percurso destes dois artistas umas vezes adquirindo grandes dimensões, outras vezes pequena dimensão, mas carregando sempre uma medida de estranheza e, por vezes, de ironia desconcertantes, comum aos dois autores. No seu conjunto, através das obras dos dois artistas, a exposição revela a matéria e a extensão da biografia interior, das coisas íntimas, dos pequenos acontecimentos na arte e na vida, tornando patente que a força das obras não depende do tamanho, mas da intenção de cada gesto e de cada olhar.