EmMoçambique, Jorge Andrade começa por lembrar que, quando tinha oito ou nove anos, uma tia moçambicana, assolada pela perda trágica dos dois filhos, propôs à sua mãe que a deixasse adotá-lo. A partir deste episódio “verídico”, é proposta uma realidade alternativa, baseada no pressuposto de que o autor, encenador e ator teria partido para África em 1983. Assim, ao invés de uma vida no teatro, Andrade seria hoje um latifundiário e industrial moçambicano dedicado ao concentrado de tomate.
A partir daqui, é construída uma ficção dentro da realidade histórica de um país, Moçambique, poucos anos após o processo de independência e a braços com uma guerra fratricida. De tragédia em tragédia, o coletivo mala voadora apresenta um espetáculo repleto de humor, detonado por uma estrutura metateatral que assalta o espetador no seu conforto de testemunha do drama e da comédia de uma suposta vida (ir)real. Distinguido com o Prémio Melhor Espetáculo de Teatro de 2016 pela SPA,Moçambique volta agora ao palco do Maria Matos.FB