O Secretário Regional Adjunto da Presidência para as Relações Externas afirmou, na Caloura, em S. Miguel, que “ser Açoriano hoje é muito mais do que nascer nos Açores e do que viver nos Açores”, apelando à reflexão sobre a definição do que é ser Açoriano e do que é a Açorianidade.
“Ser Açoriano é ter nascido nos Açores, é viver nos Açores, tenha-se nascido onde se tenha nascido, é também viver noutros sítios do mundo, nos Estados Unidos, no Canadá, na Califórnia, em Boston, em Fall River, em Montreal, em Santa Catarina, em São Paulo, no Rio de Janeiro ou no Uruguai”, salientou Rui Bettencourt.
“O facto de termos essa dimensão de Açorianidade e de uma identidade Açoriana muito forte pelo mundo inteiro, leva-nos a pensar que temos que repensar um pouco o que é ser Açoriano hoje”, considerou o governante, que falava na iniciativa Conversa à volta das letras ‘Açores e Santa Catarina: aproximações literárias’, sublinhando que “não devemos limitar de maneira nenhuma, antes pelo contrário, a Açorianidade aos Açores”.
O titular da pasta das Relações Externas frisou ainda o facto de existir “mais de um milhão de Açorianos pelo mundo”, salientando que já não se trata apenas de uma questão de emigração, mas de “uma questão de Diáspora”, com Açorianos por todo o mundo e ao longo de várias gerações.
“Em Portugal, que somos um país de diáspora, para cada 1.000 portugueses há por volta de 200 ou 300 pelo mundo”, disse o Secretário Regional, referindo que, no caso dos Açores, “para cada 1.000 Açorianos há 4.000, temos quatro vezes mais Açorianos fora dos Açores do que nos Açores”.
“Há uma identidade fortíssima do que é ser Açoriano pelo mundo fora”, frisou Rui Bettencourt, que defendeu a importância de refletir o que é ser Açoriano e o que é a Açorianidade, considerando que o Governo Regional pode e deve promover esse debate e essa reflexão.
Deste modo, pretende-se “fazer com que todos se interessem pelo projeto Açoriano, estejam em Santa Catarina ou nos Açores, sejam de nascimento açoriano ou tenham outros sítios de nascimento”, por entender que “os Açorianos são todo um povo que pode ser implicado neste projeto e que pode integrar este projeto”.
Esta conversa literária, promovida pelo Governo dos Açores para assinalar os 270 anos da chegada dos primeiros Açorianos a Santa Catarina, no Brasil, e que também integrou as comemorações do Ano Europeu do Património Cultural 2018, decorreu no Centro Cultural da Caloura e foi moderada por Aníbal Pires.
Participaram os escritores e professores universitários, a açoriana de Santa Catarina Lélia Nunes e o açoriano Vamberto Freitas, que falaram sobre a literatura de expressão açoriana e sobre a influência dos Açores na produção literária santa catarinense, entre outros aspetos relacionados com esta temática.
O programa incluiu ainda um momento musical com viola da terra pelo músico açoriano Ricardo Melo.