O Presidente do Governo garantiu, esta quinta-feira, que estão a ser criadas todas as condições para que o Grupo SATA reforce a sua capacidade de servir os Açores, os Açorianos e a economia regional, através de medidas que já estão a ser implementadas ao nível financeiro, operacional e organizacional.
“Há uma administração empenhada em reforçar a empresa, está em curso uma renovação da frota com os mais modernos aviões do mercado, foram tomadas medidas de reforço da estabilidade financeira do Grupo, está em curso a reorganização da própria empresa e pretende-se um parceiro estratégico que robusteça a atividade operacional da companhia”, afirmou Vasco Cordeiro.
O Presidente do Governo falava na Comissão de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos Públicas, onde foi ouvido, a seu pedido, na Delegação de Ponta Delgada da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Perante estas perspetivas de estabilidade e de futuro para SATA, Vasco Cordeiro apelou para que, sem prejuízo dos direitos de cada um, seja possível também estabelecer um clima fundamental para que estas medidas possam, no seu conjunto, ser implementadas com os resultados pretendidos por todos.
Na sua intervenção, o Presidente do Governo adiantou que o futuro desta empresa, “estratégica para a mobilidade dos Açorianos e para o desenvolvimento económico e social dos Açores”, passa por diversos níveis de ação que já estão a ser implementados.
“Relativamente ao primeiro, é público que o Grupo SATA fechou uma emissão obrigacionista nos mercados internacionais, através do Deutsche Bank, uma operação de 65 milhões de euros por um prazo de 10 anos, com condições muito favoráveis, e que se assume como essencial para fortalecer a empresa nos próximos anos”, adiantou Vasco Cordeiro.
A juntar a esta medida de âmbito financeiro, o Presidente do Governo sublinhou que a SATA tem em curso uma renovação da frota da Azores Airlines, através dos novos aviões A321 NEO, que já está a permitir uma redução substancial dos custos operacionais e, simultaneamente, uma fiabilidade e estabilidade da operação.
“Acresce a isso, a própria reformulação da estrutura organizacional da companhia com os objetivos de trazer mais eficiência e mais produtividade”, adiantou o Presidente do Governo aos deputados regionais, ao salientar que a quarta componente tem a ver com a necessidade de dar ao Grupo mais robustez à companhia aérea, através da entrada de um parceiro estratégico no seu capital social.
“Para além de qualquer questão financeira, está também em causa conseguir, por essa via, desde logo, reforçar as capacidades técnica, operacional e de gestão da Azores Airlines”, destacou.
Depois de salientar que a Região fez um esforço, em 2017 e 2018, no sentido de reduzir a dívida ao Grupo SATA, Vasco Cordeiro garantiu que, só nos últimos quatro anos, já foram transferidos, quer com as concessões das Obrigações de Serviço Público e dos aeródromos, quer com os investimentos nos aeródromos e, ainda, com os aumentos de capital já realizados, cerca de 158 milhões de euros.
Perante os deputados da Comissão, o Presidente do Governo recordou, por outro lado, as transformações significativas que surgiram, a partir de 2015, nas rotas para os Açores, que fizeram com que a SATA tivesse de operar num mercado aberto, com forte concorrência da TAP e de companhias lowcost, com outra dimensão e estratégias comerciais altamente agressivas.
“Esta alteração significativa do mercado demonstrou, porém, – ao invés do que muitos vaticinavam – uma SATA Internacional com capacidade de resposta e preparada para este novo desafio, bastando referir que, entre 2015 e 2017, passou de 17.500 voos para mais de 22 mil. Além disso, os passageiros transportados aumentaram de 1,3 para 1,7 milhões neste período, enquanto que a receita voada subiu dos 134 para os 169 milhões de euros”, disse.
Segundo assegurou, estes crescimentos exponenciais da atividade operacional da empresa, principalmente nos últimos anos, resultaram de uma estratégia definida para responder aos novos desafios com que a SATA Internacional tem sido confrontada ao longo do tempo.
Esta foi uma estratégia que foi vertida no Plano Estratégico 2015-2020, o qual “não dispensa uma monitorização constante e a introdução das alterações que se afigurem necessárias ou adequadas para responder a uma realidade em constante mutação”, preconizou.
No entanto, os objetivos estratégicos mantêm-se, nomeadamente sobre os mercados que o Grupo pretende servir: ligações entre os Açores, o continente português e a América do Norte (e também a Macaronésia), o reforço do Hub Açores (canalização do tráfego para os Açores) e a redução de custos fixos e de estrutura.
Na sua intervenção, o Presidente do Governo sublinhou ainda que, quando é feita uma análise objetiva do comportamento da SATA ao longo dos anos, não se pode deixar de ter em conta as diversas circunstâncias em que a SATA Internacional teve de se mover, assumindo o papel de instrumento ao serviço da economia dos Açores.
“E, nesta linha do tempo, impõe-se o facto de ter sido a SATA, enquanto empresa de capitais exclusivamente públicos e no prosseguimento da sua missão, a protagonizar um papel decisivo na resposta a impactos negativos no Turismo, devido à crise internacional que atingiu os nossos principais mercados emissores”, adiantou Vasco Cordeiro.
“Foi a SATA que, com a sua operação para a Europa, garantiu que entrassem, entre 2009 e 2014, mais de 50 milhões de euros nas empresas turísticas dos Açores, ajudando, por esta via, a manter emprego na Região, quando este setor estava em grande recessão a nível mundial”, recordou o Presidente do Governo.
“Não tenho, pois, nenhuma dúvida em afirmar que foi a SATA que fez a diferença”, assegurou o Presidente do Governo, ao adiantar que, em 2015, a SATA reorienta o foco da sua atenção, dadas as alterações ocorridas no modelo de acessibilidades aéreas à Região, e enceta um trajeto de recuperação, que teve seguimento em 2016, ano marcado por uma grande paz social, e no qual se verificou uma evolução generalizada dos resultados operacionais do Grupo.
“Chegamos, assim, a 2017. Enfrentamos um ano atípico por uma série de razões que interessa, aqui, recordar, pelo impacto que tiveram nas contas do Grupo SATA. No caso do combustível, que, como se sabe, não é um fator imputável diretamente à gestão da companhia, de 2016 para 2017, o aumento de custos foi de cerca de 14 milhões de euros (+40%)”, sublinhou.
Segundo disse, além disso, neste ano verificaram-se incidentes com aviões da SATA Internacional que resultaram num custo para a SATA superior a 1,1 milhões de euros.
Paralelamente a isso, 2017 foi o ano em que se realizaram seis greves que, naturalmente, tiveram o seu impacto na atividade operacional e, por arrastamento, nos resultados da empresa em quase dois milhões de euros.
“Para os que, consciente ou inconscientemente, alimentam em si próprios ou noutros a ilusão de que a SATA poderia estar protegida numa redoma ou que tudo vai bem na aviação civil e só a SATA tem os desafios que tem, convém talvez lembrar que só desde 2017, por todo o mundo, já se extinguiram mais de 260 companhias de aviação”, concluiu Vasco Cordeiro.
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