
Em 1148, D. Afonso Henriques conquista Óbidos. A batalha descrita em tons épicos no séc. XIX deve ser contextualizada na campanha militar do futuro rei de Portugal. Santarém e Lisboa foram conquistadas em 1147, logo Óbidos é conquistada posteriormente. Face à proximidade e à relação com Santarém não faria sentido que tivesse acontecido uma feroz resistência. Podemos então estar em presença da utilização da História como forma de valorizar e fortalecer os ideais da “Reconquista”. Conquistado o território, a prioridade passava a ser a sua ocupação e desenvolvimento económico.
Os estudos de Rui Azevedo ou Pedro Gomes Barbosa referem que o termo de Óbidos, juntamente com Leiria, seria dos poucos locais na Estremadura central que possuíam núcleos de população. No entanto, e face à sua extensão, teriam uma fraca densidade populacional (Barbosa P, 1992, p. 2). Apesar disso, ou talvez mesmo por isso, este era um território apetecível, dotado de bons solos agrícolas, riqueza florestal, lagoa navegável, recursos marítimos e uma localização geográfica invejável, ligando Leiria a Lisboa e uma das portas de acesso de Santarém ao mar, conjuntamente com o rio Tejo. Perante este quadro não estranhamos a utilização de dois dos “instrumentos” mais eficazes na urbanização do território português: a concessão de forais e a presença e influência de francos (Rossa W, 1995, p. 247).
O conteúdo e a forma do foral medieval é desconhecido, sabemos apenas que foi substituído pelo foral manuelino, de 1513. No que concerne à presença dos francos no termo de Óbidos as referências advêm da toponímia, como demonstram os topónimos Atouguia ou A-dos-Francos. Com os francos o território passava a contar com povoadores preparados para confrontos militares, sustendo novas investidas muçulmanas.
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