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Artistas e Património Integrado

ANDRÉ GONÇALVES Nascido em 1685, ingressa na oficina do mestre azulejador António de Oliveira Bernardes, mas desde cedo
investe também na pintura a óleo. Apesar da sua formação inicial corresponder ao “barroco nacional”, André Gonçalves interessa-se pelas novas correntes iluministas que começavam a despontar na Europa. Com a nova conjuntura política que corresponde ao reinado de D. João V, nomeadamente com a mobilidade de artistas nacionais e estrangeiros que se deslocaram para aprender ou ensinar diversas artes, temos a chegada a Lisboa, em 1712, de Júlio César Temine, com o qual este pintor vem aprofundar os seus conhecimentos e aperfeiçoar o estilo. Contando com um impressionante currículo artístico, em 1730 a sua carreira de pintor atinge o auge, ao ser convidado para pintar diversas obras para a Basílica de Mafra. Consagrado nacional e internacionalmente, André Gonçalves apresenta na maturidade artística um estilo italianizante, em que as figuras são tratadas de forma atlética e elegante, em termos geralmente fáceis de identificar, com composições harmoniosas e uma paleta vibrante e luminosa. A tela do altar-mor do Santuário foi executada, precisamente, na data em que foi nomeado para um dos mais prestigiantes cargos corporativos que regulava a actividade artística em Portugal, o de juiz da Mesa da Irmandade de S. Lucas, padroeiro dos pintores. O terramoto de 1755 faz desaparecer uma parte considerável da sua obra, as críticas da nova geração de pintores e a sua idade avançada, tornam muito diminuta a sua obra depois deste período. Contudo, tem algumas obras notáveis como a composição para a sacristia da Igreja de São Roque e a tela da Assunção da Virgem na igreja da Madredeus (1759). Morre em 1762, em pleno período de D. José e de mudança de estilos. Apesar de alguma falta de originalidade foi um dos pintores nacionais mais importantes, produtivo e dotado de um sentido plástico fortemente classicista.

JOSÉ DA COSTA NEGREIROS Nascido em Lisboa em 1741, foi discípulo de André Gonçalves, seguindo o estilo do mestre de uma forma tão semelhante que, por diversas vezes, se têm levantado dúvidas quanto à autoria de algumas obras. A nível pictórico, a sua obra caracteriza-se pela sobriedade dos valores estéticos do barroco classicista italiano, bem como pelo cuidado posto no tratamento anatómico das figuras que representa. A sua obra também teve perdas significativas com o terramoto de 1755. Pintou para a Coroa portuguesa, para além de instituições religiosas e particulares. Trabalhou em algumas das carruagens de gala de D. João V e dos meninos de Palhavã. O seu trabalho teve continuadores, nomeadamente no que respeita à pintura de tectos, área a que se dedicou com bastante sucesso. As duas telas do Senhor da Pedra da sua autoria – Nossa Senhora da Conceição e Morte de S. José – são dois marcos fundamentais no estudo da sua carreira artística.
As restantes oito telas, dos Passos da Paixão de Cristo, não têm uma autoria segura, mas é possível que sejam deste mesmo pintor.

BARTOLOMEU ANTUNES Mestre de Azulejaria (16881753) com oficina, onde também trabalhava o seu genro Nicolau de Freitas (1703-1765), os quais foram responsáveis por grande parte da produção azulejar lisboeta de meados do século XVIII. Pela extensão da sua obra, e pelo carácter que lhe imprimiu, poderá ser considerado o principal mestre do ciclo de produção Joanina.

BARROCO “O Barroco é um universo de linguagens mentais, artísticas, filosóficas, enfim, culturais, que não só acrescem e se materializam em elementos arquitectónicos, como por vezes (frequentemente) «obrigam» a es
tudar novas tecnologias e métodos construtivos, por forma a materializar arquitectonicamente aquilo que é «sonhado» pelo arquitecto. Evidentemente, neste período artístico, a pluralidade e a ambiguidade eram palavraschave, sendo difícil traçar uma linha distintiva entre a arte e a arquitectura. No que respeita às formas e volumetrias arquitectónicas, podemos observar que o Barroco desenvolve bastante as formas dinâmicas, sobretudo as arredondadas, justificando-se em argumentos estéticos e filosóficos, sendo o círculo ou as elipses a representação da perfeição, do eterno retorno, do Cosmos e da harmonia entre Criador e a criatura. A planta centrada nos edifícios não nasce, contudo, com o Barroco, apenas aí encontra o melhor veículo para a sua concretização. É de notar que durante o Renascimento se recupera com maior acuidade a forma do «Panteão» de Roma, ou de outras construções não tão marcantes, mas que correspondiam a uma releitura das obras platónicas. Nascem assim os grandes tratados que influenciaram a arquitectura religiosa pelos séculos seguintes, até quase aos dias de hoje. Com o Concílio de Trento, nomeadamente com as recomendações da Sessão XXV e com as Instruções de S. Carlos Borromeo, pretendeu-se acabar com qualquer tipo de sugestão ao humanismo renascentista, sobretudo eliminando a estrutura em cruz grega, em triângulo ou em círculo, já que, sobretudo estes dois, tinham um forte simbolismo apoiado na teoria neoplatónica, contrariando, de algum modo, a corrente teocêntrica perfilhada pela Igreja Católica Romana. O Barroco abre, novamente, as portas à entrada gloriosa de novas formas, ganhando a planta centrada um novo incremento, aliás bem expresso na primeira construção do tipo em Portugal, a igreja de Santa Engrácia de Lisboa (1682). Santa Engrácia não terá, contudo, muitos seguidores, muito contribuindo para esta situação o facto de D. João V ter adoptado uma estética italiana e neoclassista” (Gorjão 2002).

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morada Santuário de Nossa Senhora da Pedra, Óbidos

Pontos de Interesse
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