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A Faixa Piritosa Ibérica e a Geologia da Região de Aljustrel

A Faixa Piritosa Ibérica

A Faixa Piritosa Ibérica (FPI) acolhe alguns dos maiores depósitos de sulfuretos maciços de origem vulcânica e, por tal, é considerada uma das províncias metalogenéticas mais importantes do mundo quer em teores de elementos base como o Cu, Pb e Zn quer em tonelagem. Localizada no extremo SW da Península Ibérica, apresenta uma estrutura arqueada com um comprimento de cerca de 250km e uma largura que varia entre os 30 e os 60 km, estendendo-se geograficamente entre a zona de Alcácer do Sal (Portugal), e a zona de Sevilha (Espanha), abrangendo uma área total aproximada de 12.500 km². A sua sucessão geológica corresponde essencialmente a rochas vulcânicas (félsicas e máficas) e a rochas metassedimentares (xistos negros, xistos siliciosos e sedimentos vulcânicos) estando associadas a estas rochas as mineralizações de sulfuretos maciços da FPI. Os sulfuretos maciços polimetálicos são constituídos essencialmente por pirite, a que se associam, em quantidades variáveis, calcopirite (cobre), esfalerite (zinco), galena (chumbo) e mais raramente cassiterite (estanho), com idades compreendidas entre os períodos Devónico Superior e Carbónico (380-290 Ma), da Era Paleozoica, que terão origem nas emanações hidrotermais, provenientes da atividade vulcânica submarina.

(Fig. 1 – Diagrama esquemático do fenómeno ocorrido na Faixa Piritosa Ibérica)

 

A Geologia da Região de Aljustrel

A geologia da área mineira de Aljustrel é caraterizada por uma estrutura em anticlinal com orientação NW-SE constituída por rochas vulcânicas e metassedimentares de idade Paleozóica. A estrutura é cortada pela importante falha da Messejana de direção NE-SW que provocou o abatimento de todo o bloco norte e posterior preenchimento com sedimentos mais recentes da Bacia Terciária de Alvalade-Sado.

A sequência da FPI em Aljustrel compreende o CVS, que inclui as seguintes unidades, do topo para a base:

  • Formação do Paraíso – xistos siliciosos, filitos, xistos e arenitos vulcânicos, xistos púrpura, jaspes e chertes (Tournaisiano superior – Viseano inferior);
  • Formação do Gavião – xistos cinzento escuros (Tournaisiano superior a médio);
  • Depósitos de minério de sulfuretos maciços;
  • Unidade de riólitos porfiríticos quartzo-feldspáticos (localmente designado Tufo com Megacristais), provavelmente intrusivo, com idades 356±1 e 357±2 Ma);
  • Unidade Vulcânica Superior (Tufos Verdes, 352.4±1.9 Ma, 355.2±2 Ma);
  • Unidade Vulcânica Inferior (Felsitos e Tufos da Mina, 364±2 Ma): vulcânicas félsicas sericíticas, felsófiros, brechas vulcânicas, vulcânicas e lavas com megacristais de feldspato e rochas vulcânicas básicas ocasionais.

Sobre as sequências do CVS ocorrem xistos e grauvaques da Formação de Mértola (Flysh do Baixo Alentejo). A unidade inferior da FPI, o grupo Filito-Quartzítico, não é reconhecida na área de Aljustrel.

(Fig. 2 – Mapa geológico-mineiro simplificado das minas de Aljustrel)

(Fig. 3 – Estratigrafia de Aljustrel. Fonte: CANDEIA, Carla, Caracterização ambiental da zona envolvente à área mineira de Aljustrel, Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Aveiro, 2008)

 

Dada a importância económica das mineralizações de sulfuretos maciços na FPI e em particular em Aljustrel, o conhecimento geológico desta estrutura tem vindo a evoluir ao longo das últimas décadas. O facto de nesta região, as rochas do CVS e as mineralizações a ele associadas estarem bem expostas e preservadas permitem o ensino da geologia e dos processos geológicos num laboratório ao ar livre.

Os sulfuretos maciços, atualmente explorados em Aljustrel encontram-se hospedados em rochas de natureza vulcânica. Por serem rochas bastante resistentes à erosão provocam relevos de dureza que deram origem às diversas colinas observadas em Aljustrel.

Em Aljustrel conhecem-se reservas superiores a 250 milhões de toneladas de pirite, o que faz desta mina uma das maiores da FPI, a par de Neves-Corvo (mina em atividade localizada próximo de Almodôvar / Castro Verde), e de Rio Tinto, Los Frailes-Aznalcollar, Tharsis, La Zarza e Sotiel-Migollas (áreas mineiras atualmente abandonadas e situadas em Espanha).

Pontos de Interesse

As Empresas Mineiras e o Património Industrial

Após um período mal conhecido, em meados do século XIX, a industrialização fez reavivar a exploração dos recursos minerais em Aljustrel, na altura uma comunidade rural. Em torno da vila desenvolveu-se uma complexa atividade industrial, com oficinas de manutenção e...