Escape apresenta um conjunto de trabalhos de Adriano Prates, realizados nos últimos anos.
O autor expõe cerca de 20 obras de técnica e temática variadas, a maior parte pintadas sobre superfícies atípicas como carris de comboio, tábuas de soalho ou ripas finas de madeira. Vários trabalhos partem de formas geométricas simples, círculos concêntricos ou arranjos de linhas verticais e horizontais que, através de um uso expressivo da tinta e da cor, adquirem uma dimensão hipnótica e vital.
É uma pintura de limites nebulosos, muitas vezes de tensão entre textura e forma, um retrato de um mundo ordenado no momento em que o caos chega. Se Infinte balance e Love ecstasy são explosões coordenadas de cor, já em Turbulent times o jogo de cinzentos e o uso do pó de pedra como material de composição dão à peça uma atração lunar. Vários trabalhos roubam ao mundo exterior uma superfície banal para a transformarem numa tela inspirada. Journey apropria-se dos carris de um caminho de ferro para sobrepor à sua geometria funcional uma outra, e Metaphysics of presence desconstrói uma porta numa escultura pintada.
Escape revela-nos um artista que evita a geometria perfeita, o enquadramento exato, a moldura standard. Adriano Prates prefere linhas desfocadas, curvas sem compasso, telas feitas de madeira com diferentes comprimentos. É um discurso plástico sempre harmonioso mas com a dose certa de vertigem. Como no verso de Leonard Cohen “There is a crack in everything, that´s how the light gets in”. E é por essa falha, através da qual entra a luz, que também podemos escapar.
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