ANA MATA regressa ao Módulo com dois conjuntos de pinturas acrílicas sobre papel e uma tela de grandes dimensões.
Como em exposições anteriores as imagens reportam a um local onde a família tem uma propriedade e tal como na exposição de 2006/07, ou em outras que lhe sucederam, são pormenores da paisagem envolvente que a motivam, no caso presente a árvore.
Se Cézanne voltou constantemente ao tema da montanha de Saint Victoire, não foram questões miméticas que o interessavam, antes razões de ordem do discurso pictórico.
Nesta série, as várias árvores de fruto que nos surgem, algumas em diferentes períodos do ano, partem de registos fotográficos que a pintora utilizou, e em todas estas imagens não é o tema mas o processo da pintura e questões lumínicas que a interessam.
Mas deixemos Ana Mata falar sobre esta nova série de trabalho:
“A proximidade ao tema – uma região que é propriedade antiga de família – transformou a representação de árvores, normalmente associadas ao tema da paisagem, numa pintura que se desejou próxima da prática do retrato.
São apresentadas árvores (geralmente de fruto) cuidadas, agora, pela pintura.
Estas imagens nascem no decurso de um passeio e sob a forma luminosa das fotografias que hoje vemos em ecrãs planos (preservando uma certa resplandecência que facilmente se perde nos papéis, em impressões fotográficas). O trabalho da pintura surge desta coleção de imagens luminosas – que se fizeram deambulando, pesquisando formas e cores – nascendo, também, da necessidade de revisitar aqueles lugares e aquelas árvores retratadas na vivacidade da sua frontalidade.
Olhando estas imagens luminosas, também a prática da pintura foi revisitada, continuadamente, na sua forma nascente, enquanto estudo e ensaio (uma outra forma de passeio). Estas pinturas, feitas sobre papel (potenciando assim um carácter experimental), preservam algo do seu acontecimento enquanto pintura, visível nos diferentes modos de pintar que se testam, nas diferentes espessuras de tinta, na diversidade dos gestos (e em tudo o que de diferente cada imagem exige – para ser pintura e não uma reprodução de uma imagem).
Trata-se, em ambas as perspetivas – pintando árvores e procurando a pintura (ou seja, procurando apresentar o ser vivo e a vivacidade da representação) – da tentativa da prática de um cuidado que visa a vivência de um contacto frontal com uma presença.
Ana Mata . Julho 2017”
Esta é a oitava exposição individual nesta galeria e a terceira de um ciclo sobre pintura recente.