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ARTISTS’ FILM INTERNATIONAL 2016

O MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia é a mais recente instituição a integrar o Artists’ Film International, um programa dedicado à exibição de vídeos, filmes e animações realizadas por artistas de todo o mundo.
Iniciado em 2008 pela Whitechapel Gallery (Londres), este programa é agora uma parceria global que reúne 16 instituições. Todos os anos, cada instituição escolhe um trabalho de um artista proeminente no seu país, partilhando-o com as restantes entidades. O conjunto dos trabalhos é depois exibido nos países das instituições participantes, apresentando lado a lado artistas com práticas profundamente enraizadas nos seus contextos individuais.
Num momento em que o tema da descolonização da arte e da crítica, face à tradicional perspetiva eurocêntrica ocidental, está no centro dos debates contemporâneos, o Artists’ Film International promove o diálogo entre culturas e práticas artísticas, entre centro e periferia. O programa é concebido como uma plataforma dinâmica e transcultural, uma proposta de disseminação e partilha da produção artística contemporânea no campo da imagem em movimento.
Ocupando o espaço muito peculiar da Sala das Caldeiras da Central Tejo e assinalando a entrada do MAAT nesta rede, esta exposição é o resultado de um processo curatorial criterioso que ditou a escolha de nove obras (a partir de um conjunto de dezasseis). Realizados por Eva & Franco Mattes, Igor Bošnjak, Igor Jesus, Karin Sander, Mateusz Sadowski, Rachel Maclean, Rohini Devasher, Institute for New Feeling e Tor Jørgen van Eijk, os diferentes trabalhos focam a complexa relação entre arte e tecnologia — o tema desta edição do Artists’ Film International.
Nestas obras os artistas usam a tecnologia como um campo vasto de experimentação, mas esta é também o ponto de partida para uma reflexão crítico-epistemológica sobre os avanços ocorridos neste domínio e a sua relação com a arte contemporânea. Das obras selecionadas, algumas propõem utopias concebidas digitalmente para problematizar o papel destes dispositivos no quotidiano, a sua presença nas diversas esferas da sociedade contemporânea e o seu impacto económico, político e social no mundo globalizado. Outras detêm-se na emergência de experiências relacionadas com as tecnologias digitais de informação e comunicação, sobretudo na Internet, mas também no cinema, como o software de animação e de edição de imagens. Outras ainda, sugerem uma leitura antropológica e social do conceito de identidade no ciberespaço, associando virtualidade e realidade. E por último, aquelas que tão simplesmente exploram a história e o uso criativo do próprio medium, servindo-se da sua especificidade como argumento.
O espectador confronta-se com uma pluralidade de problemáticas, linguagens e realidades locais relacionadas com o tema da exposição; experiências que interrogam (e interrogam-se sobre) a humanização da tecnologia pela arte e a estreita relação entre arte e vida nas perspetivas da ciência e da tecnologia.
É justamente no cruzamento entre arte, ciência e tecnologia que reside a dialética entre o antigo e o novo, o passado e o presente, a continuidade e a rutura. Não é por acaso que o local escolhido para esta exposição é a Sala das Caldeiras. O visitante é convidado a percorrer o espaço e a descobrir as obras, instaladas entre o aparato da maquinaria industrial das décadas de 1940 e 50, no contexto de um percurso museológico dedicado à produção de energia elétrica. 

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