No longínquo sertão brasileiro, duas mulheres carpideiras cantam incelenças para conduzir os que morrem, suavemente, para o outro” lado da vida” enquanto fazem tudo neste mundo para permanecer vivas.
A habitual relação de pesquisa no universo da lusofonia leva o Teatro Meridional, uma vez mais, ao Brasil, mais concretamente ao sertão do Cariri no nordeste, para contar aquilo que a encenadora Natália Luiza considera “um conto redondo”, esclareça-se, “com princípio, meio e fim, porque há que baste de discursos fragmentados a substituir a narração”.
Como o mundo dos contos é o da imaginação, neste acompanhamos o percurso de duas carpideiras que choram os mortos, para que eles prossigam a “viagem” e os que cá ficam possam continuar a viver. Ao mesmo tempo, esta ritualização da morte é uma forma de sobrevivência para estas mulheres.
Escrita por Newton Moreno, a partir de um conto tradicional – no qual “a morte cobra aos homens aprendizagens, tais como a vida conter o valor da morte, como o dia contém a noite” -,As Centenárias é uma peça interpretada por atrizes portuguesas, falada com sotaque nordestino e carregada de deliciosos regionalismos linguísticos. O resultado é uma tocante celebração da vida.
[texto de Frederico Bernardino | fotografias: Francisco Levita]
Quarta a sábado, às 21h30 | domingo, às 17h
Preços: 10€ e 5€ (às quartas-feiras)
Local: Teatro Meridional