Augusto Alves da Silva e João Queiroz têm vindo a utilizar diferentes suportes para o seu trabalho: João Queiroz (Lisboa, 1957) dedica-se ao desenho e à pintura e Augusto Alves da Silva (Lisboa, 1963) tem-se afirmado como fotógrafo, por vezes utilizando também o vídeo.
Em ambas as séries de obras que são apresentadas existe um elemento comum, ou aparentemente comum: as imagens pictóricas e os desenhos de João Queiroz bem como as fotografias de Augusto Alves da Silva representam paisagens como muitas vezes sucede nas obras destes artistas. No entanto, analisadas com um pouco mais de cuidado, torna-se evidente que o seu foco, o seu assunto, se situa noutro local. Se a paisagem é, desde odealbar dos tempos modernos, um discurso visual sobre a organização do mundo, estas imagens são muito mais sobre a nossa forma de estruturarmos a nossa compreensão do real. Nem as imagens de João Queiroz partem de um qualquer campo visível do mundo, nem a beleza da organização territorial dos Açores interessou particularmente a Augusto Alves da Silva. O primeiro trabalha sobre a nossa perceção dos acidentes do campo visível, sobre a forma como hierarquizamos a nossa visualidade a partir da própria estrutura do nosso corpo, já que categorias comocima ebaixo, frente ecostas – a partir das quais lemos o espaço – são, afinal, projeções da nossa vivência corporal.
O ciclo de mostras da Coleção António Cachola em exposição no chiado8 resulta de um protocolo entre a Fidelidade – Companhia de Seguros e o MACE, que compreende a apresentação, entre 2015 e 2017, de oito exposições da Coleção António Cachola, com curadoria de Delfim Sardo. As exposições, serão individuais, ou de confronto e diálogo entre obras e artistas (como a exposição agora inaugurada) procurando refletir novas visões sobre a coleção, constituindo também uma forma de observação da arte produzida por artistas portugueses contemporâneos.
LOCAL
Chiado 8 Arte Contemporânea
Largo do Chiado, 8, 1249-125 Lisboa