Exposição “Matéria do Tempo” | Curadoria: Ana Ruivo
[…]As imagens de Helena Lapas constituem-se por camadas, em sobreposição, e a cada material acrescentado para lhes dar forma – seja folha de papel, pincelada de cor, areia, cola, até atingir a macieza aparente do nacarado ou de um solo em decomposição – revela-se, no processo inverso e arqueológico da observação, uma geologia densa de tempos e sinais. […] Uma lentidão maturada do tempo que constrói, florestas negras, depósitos e vestígios de espécies em transumância.
Há algo de insalubre, magoado, queimado, destruído, em dissolução (para alem da revelação) nestas visões de Helena Lapas. Não são registos pacíficos, nem o poderiam ser. São vísceras, entranhas, sinais da imensa fragilidade humana revista à luz de um outro tempo, lento, sedimentado, em devir, em que a circunstância se inscreve e dilui.
Assim, a par dos núcleos enunciados organizadores desta mostra – as Máscaras, os Objectos, as Geologias – atravessa-os um quarto, o Tempo, que todos engloba e assenta na ideia de um percurso pessoal e artístico realizado no movimento prospectivo, entre a negritude dos dias (in)visíveis e a claridade entrevista a que o trabalho foi dando forma.
Excerto do texto de Ana Ruivo.
Encerra sábado e domingo.