Quando em 2012 Tónan Quito levou à cenaHistórias dos Bosques de Viena, Ödön von Horváth (1901-1938) era um dramaturgo pouco conhecido do público português – não obstante uma encenação tida como “magnífica” (por quem teve o privilégio de a ver!) deCasimiro e Carolina pelo Teatro da Cornucópia, parcos anos depois da Revolução de Abril. Recentemente, Horváth tornou-se um autor representado com regular assiduidade nos nossos palcos (a exemplo, só a Companhia de Teatro da Almada levou ao palco, desde 2013, as peçasEm direção aos céus e, há poucos meses, a tão inquietanteNoite da Liberdade, sobre o confronto entre sociais-democratas e nazis, na Baviera de 1930).
O recente interesse pela obra do autor austríaco parece estar correntemente justificado, ou não fosse o seu teatro um espelho de época ensombrado pela ascensão do nazi-fascismo em que assustadoramente nos revimos, 80 anos depois. Se todas as tragédias de Horváth são, de facto, “comédias”, Tónan Quito visita agora uma delas, datada de 1932, e onde encontramos “uma sociedade cínica, mesquinha e egoísta, sempre pronta a desumanizar-se,” que emerge para julgar uma mulher desesperada por sobreviver. Para isso, juntou ao elenco profissional três grupos de teatro amador que, em locais diferentes, se desafiam a “reescrever algumas cenas, apropriando-se de situações da peça para falar sobre a nossa sociedade contemporânea.” FB