A Viagem da Alma é uma procura, sui generis, de fusão entre a sensibilidade europeia e a da América Latina, que começou logo na primeira visita que Ramón Peralta fez à Roménia. Tudo nasceu com o desejo da Graţiela Andrei Peralta de revelar ao marido o enredo da intimidade dos lugares que deixou, há anos, para trás, planeando, para este efeito, uma espécie de viagem iniciática. Para Graţiela Andrei, esta viagem tornou-se, cada vez mais, numa oportunidade para redescobrir as suas próprias origens e para rever as suas próprias fontes de formação como artista.
A expressão artística da Graţiela Andrei Peralta encontra-se na fronteira entre o desenho e a pintura, e as suas obras desenvolvem toques sintéticos, um gestualismo a preto e branco, com pólos variáveis que transformam os símbolos ancestrais em contemplações modernas, profundamente pessoais, de protótipos gráficos. A clareza do toque, a delicadeza transparente e a fragilidade do suporte em papel, formam conjuntos que nos levam a pensar nos poemas japoneses (haikus) visuais.
Os fotogramas de Ramón Peralta são apenas um pretexto figurativo, que se torna, por acréscimo gráfico (lápis manuseado energicamente, resultando num acumular de linhas), em ideogramas da paisagem que o artista quer agarrar. Estando, aparentemente, em registos diferentes, os trabalhos dos dois artistas convergem para um entendimento comum da realidade exterior como espaço de contornos evanescentes da alma.