
Sobre Maria José Ortigão Ramos:
Neste ponto da história da independência do desenho, Maria José Ortigão Ramos opera um desvio certeiro, pleno de possibilidades criativas, na direcção do processo de criação de múltiplos. Paradoxalmente, a monotipia, técnica da qual todas as peças presentes nesta exposição relevam, não produz múltiplos, mas sim peças únicas. Consideremos o seu processo de trabalho. A artista serve-se de blocos idênticos de folhas com um formato
básico, eliminando, ou não, os sinais do arrancar a folha ao bloco antes de começar a trabalhá-la. Sobrepõe depois tiras de acetato ou cartão em diferentes posições, mas que nas obras desta exposição estão apenas reduzidas a duas, a horizontal e, em raríssimos casos, a vertical. Passa depois o rolo com tinta, que pode estar mais ou menos diluída, sobre uma chapa de metal, e ao retirar as máscaras obtém resultados que são expostos tal e qual. Não há retoques. Há apenas a utilização ou não da cor – vermelho, verde, amarelo e azul –, ou da gama infinita dos cinzas, na tradução de uma vontade experimentalista que está em consonância com as próprias características de um exigente processo de aprendizagem que concluiu há pouco tempo.
Sobre Bruno Castro Santos:
A sugestão estética dos desenhos e padrões de Bruno Castro Santos parece resultar de um encontro da arquitectura e do design. Mas ele tem o cuidado de introduzir rupturas nesses padrões desenhados que quebrem a repetição, para introduzir talvez o mistério da individualidade, única e irrepetível, que vibra na simples diferença de um traço. Diz, então, que o «desenho fica resolvido».
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