Começámos estaNova Criação a formar arquivo, confiando que se captássemos o que fazíamos, poderíamos olhar para o que já se tinha passado. Assim, tentando não perder o fio à meada, procurámos pistas que nos informassem sobre o que poderíamos construir para a frente. A cada nova dança a dois gravámos e projetámos na parede de fundo a filmagem da vez anterior. A partir daqui desenvolvemos um dispositivo cénico que é a materialização do movimento de ida do agora para o passado e para o futuro. Uma mise en abyme ou túnel temporal, que permite ver o que se repete e o que varia, revelando o caminho da construção desta peça. Entusiasmados a responder ao processo, exageramos, e quanto mais nos filmamos, mais nos reproduzimos e mais nos desmultiplicamos, correndo o risco de baralhar imagem com realidade. Filmar é tentar sobreviver, mas é também mostrar uma morte. Daí surge a necessidade de reformulação constante, porque precisamos sempre de continuar. Não precisamos?
Filipe Pereira & Teresa Silva