Na Rua Bleue, nos arrabaldes de Paris, um rapazinho judeu torna-se amigo do velho merceeiro árabe da rua, o Sr. Ibrahim, aquele que diz “árabe” significar “mercearia aberta”. Através desta relação improvável, o jovem, que o merceeiro apelida de Momo, inicia um conjunto de viagens iniciáticas, compreendidas nos prostíbulos do bairro, na Paris dos postais turísticos, na paisagem marítima da costa da Normandia ou numa derradeira jornada rumo ao Oriente até à casa do Sr. Ibrahim.
A solo, acompanhado à viola e piano pelo músico Rui Rebelo, Miguel Seabra narra esta história de amizade e tolerância, protagonizada por dois personagens separados pela idade e pelo credo, mas unidos pelo poder dos sentimentos e das emoções. Um espetáculo belo e singular que Seabra e Natália Luiza, diretores artísticos do Teatro Meridional, escolheram para assinalar os 20 anos da companhia residente na Rua do Açúcar, junto ao Palácio da Mitra.
Estreado na edição de 2012 do Festival de Almada, o espetáculo mereceu o Prémio do Público e valeu ao Meridional o aplauso muito especial do saudoso Joaquim Benite, que “se mostrou agradavelmente surpreendido com a opção deste texto de Eric-Emmanuel Schmitt surgir apenas protagonizado por um ator de uma forma tão emotiva e arrojada”. Desde ai,O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão tem conquistado os corações de milhares de espetadores que, em Lisboa e noutros pontos do país, assitem a um dos espetáculos mais arrebatadores do teatro português dos últimos anos.
[texto: Frederico Bernardino | fotografias: Humberto Mouco]