
Na sua primeira exposição individual em Portugal, Peter Friedl apresenta objetos inspirados num formato teatral português de rua, vulgarmente conhecido como Teatro Dom Roberto. O palco (barraca) é uma construção minimalista forrada a tecido, do tipofaça você mesmo. A construção esconde os bonecreiros, que dirigem as violentas e barulhentas ações dos fantoches, do olhar do público. O tradicional Teatro Dom Roberto é uma artemenor por viver da tipificação, da repetição e de um repertório restrito como O Barbeiro Diabólico ou A Tourada.
Para a sua exposição no espaço Lumiar Cité, Peter Friedl criou o seu próprio mundo teatral, tão idiossincrático quanto plausível. Trata-se de um universo essencialmente lusófono que assume a forma de coloridas barracas e fantoches, repleto de referências históricas que remetem para diferentes séculos e continentes.
Assim, encontra-se o astrónomo sefardita Abraão Zacuto (1452-c.1515), refugiado vindo de Espanha que foi nomeado pela corte régia como astrónomo até ser forçado a abandonar Portugal, rumo a Tunes, devido à perseguição aos judeus. O seuAlmanach perpetuum revolucionou a navegação marítima da época. Relativas à atualidade, estão representadas as figuras de Isabel dos Santos, empresária e primeira milionária africana, bem como do seu pai, José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola desde 1979. Surge ainda o colecionador de arte e filantropo Calouste Gulbenkian – oSenhor Cinco por Cento -, um dos primeiros a extrair petróleo iraquiano. O esplendor real é representado pelo desventurado rei D. Sebastião, cujos planos de uma cruzada tardia sobre o norte de África conduziram-no a uma aventura militar onde morreu prematuramente.
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