A Diretora Regional dos Recursos Florestais apelou hoje, no Funchal, a uma união de esforços perante os múltiplos desafios que existem ao nível da gestão e da preservação florestal nas ilhas da Macaronésia.
“Os desafios em matéria florestal são imensos. Unindo esforços seremos mais fortes e mais capazes de defender a sustentabilidade dos nossos territórios naturais, das nossas áreas florestais, que conservam espécies endémicas de grande valor ambiental, como é o caso da floresta Laurissilva”, afirmou Anabela Isidoro na sessão de abertura das VIII Jornadas Florestais da Macaronésia.
Estas jornadas, que reúnem representantes dos Açores, da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde, visam possibilitar a troca de conhecimentos e experiências sobre o que está a ser feito no domínio florestal nos arquipélagos que integram a Macaronésia.
Na sua intervenção, Anabela Isidoro frisou que pensar e discutir os recursos florestais naturais deverá passar, naturalmente, pela conservação, mas considerou ser imperioso ir mais além e pensar em estratégias que permitam potenciar, a vários níveis, este património.
“O setor florestal local tem uma importância económica considerável e um potencial de expansão enorme. É, por isso, vital estabelecer compromissos duradouros entre a exploração e a preservação dos recursos, garantindo um adequado ordenamento do território”, salientou.
No caso dos Açores, a Diretora Regional adiantou que a floresta gera anualmente um volume de negócios de cerca de 1,8 milhões de euros, com a venda direta de material lenhoso, e de 10,9 milhões de euros, quando contabilizado ao nível do setor industrial da primeira transformação.
Paralelamente, já estão a ser implementadas as diretrizes plasmadas na Estratégia Florestal dos Açores, que passam por incrementar o comércio da madeira de criptoméria, por via da exportação, no setor público, mas também no privado, bem como apostar na certificação.
O concelho do Nordeste, onde se encontra uma das maiores manchas florestais do arquipélago sob gestão do Governo dos Açores, tem sido um ‘macro laboratório’ no que se refere à gestão florestal sustentável, tendo sido a primeira área pública no país a obter a certificação da sua gestão pelo sistema do FSC (Forest Stewardship Council).
Anabela Isidoro salientou que, entre 2012 e 2015, por exemplo, foram plantadas nos Açores mais de três milhões de árvores, entre criptomérias, resinosas, folhosas, ornamentais e endémicas, acrescentando que a floresta ocupa cerca de um terço do território do arquipélago.
A Diretora Regional dos Recursos Florestais disse ainda que, nos últimos 20 anos, cerca de 10% da área florestal privada dos Açores foi alvo de intervenções, por via da beneficiação dos povoamentos existentes, com ações de reconversão, rearborização e arborização, refletindo a preocupação da Região em valorizar o material lenhoso, sem excluir os benefícios ambientais e os contributos favoráveis para estes ecossistemas.
Anabela Isidoro salientou que as plantas endémicas que têm vindo a ser plantadas e mesmo enviadas para fora da Região são produzidas nos 18 viveiros florestais existentes nos Açores, que ocupam cerca de 27 hectares.