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Açores estão disponíveis para acolher “sítio piloto” do Deep Ocean Observing System, afirma Gui Menezes (ATUALIZADA)

O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia manifestou, em Florianópolis, no Brasil, a “disponibilidade e o interesse” dos Açores em acolher um “sítio piloto” do Deep Ocean Observing System, um projeto baseado em Washington, nos EUA, e liderado por Patrick Heimbach, um dos investigadores que participou na elaboração do ‘White Paper’, documento que serviu de base para a conceção do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Center).

“Um dos desafios que a Declaração de Florianópolis coloca é a possibilidade de serem criados projetos piloto que comecem a dar corpo ao AIR Center”, afirmou Gui Menezes, referindo que ao Deep Ocean Observing System “poderão juntar-se outros projetos e infraestruturas que serão lançados nos próximos anos”, nomeadamente o European Multidisciplinary Seafloor and Water Column Observatory (EMSO), que integra o Roteiro de Infraestruturas de Investigação europeias.

O Secretário Regional falava na 2.ª Reunião Ministerial e Diálogo de Alto Nível Indústria-Ciência-Governo sobre Interações Atlânticas, onde foi formalizada a criação do AIR Center, através da Declaração de Florianópolis, assinada por oito países e pelo Governo Regional dos Açores.

Gui Menezes frisou que, “desde o início, o Governo dos Açores esteve empenhado, com o Governo da República, nesta iniciativa em prol de um projeto de investigação cientifica, envolvendo inúmeros países em redor do Atlântico”.

“Para os Açores é uma honra e uma responsabilidade acolher a sede do AIR Center e sermos, em simultâneo, um dos nós das estruturas que estarão associadas a este centro”, disse, assegurando que a Região “está empenhada em proporcionar todas as condições” para a sua concretização.

O titular da pasta da Ciência lembrou que, para além das várias infraestruturas científicas existentes no arquipélago, “os Açores têm-se destacado pelo conhecimento e investigação do mar profundo e do mar aberto”.

Durante a sua intervenção, salientou “a necessidade de explorar os recursos do Atlântico de forma sustentável e de prever os impactos das alterações climáticas” nestes recursos.

Gui Menezes defendeu que “os Açores e as ilhas atlânticas são locais privilegiados para testar as tecnologias de aquacultura offshore”, acrescentando que a Região já começa a dar os primeiros passos nesse sentido, através de iniciativas privadas.

Para além do oceano, o Secretário Regional salientou que os Açores “têm sido alvo de interesse na área espacial”, afirmando que o Executivo açoriano tem vindo “a apostar neste setor nas últimas décadas”.

Nesse sentido, indicou, a título de exemplo, a Estação Geodésica de Santa Maria, da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE), um projeto criado entre o Governo dos Açores e o Governo de Espanha, através do Instituto Geográfico Espanhol.

“Temos estruturas da Estação Espacial Europeia, que são operadas pela empresa Edisoft, e participamos ativamente na rede NEREUS – Network of European Regions Using Space Technologies e no Copernicus Relays”, afirmou.

Gui Menezes referiu ainda que várias empresas ligadas ao setor aeroespacial “têm demonstrado interesse nos Açores” que, devido à sua localização geográfica, “têm um forte potencial para albergar uma plataforma de acesso ao Espaço”, colocando o arquipélago “no centro da era do Novo Espaço”.

Nesta intervenção, salientou ainda que o Governo dos Açores pretende que o AIR Center “possa constituir-se como um interessante motor para o desenvolvimento da ciência, da inovação e dos serviços potenciados por tecnologias espaciais e oceânicas para monitorização da atmosfera, do oceano e do processo climatológico”.

“Necessitamos de uma grande cooperação para enfrentar os desafios que temos pela frente”, frisou.

Na 2.ª Reunião Ministerial e Diálogo de Alto Nível Indústria-Ciência-Governo sobre Interações Atlânticas, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil, foi assinada a Declaração de Florianópolis que determina a criação do AIR Center.

Portugal, Brasil, Espanha, Angola, Cabo Verde, Nigéria, Uruguai, São Tomé e Príncipe são os países fundadores deste projeto, que conta ainda com a participação do Reino Unido e da África do Sul como países observadores.

No âmbito deste encontro será também criada uma comissão instaladora com o objetivo de definir um plano financeiro e de implementação desta plataforma internacional e intergovernamental.

A 1.ª Reunião Ministerial e Diálogo de Alto Nível Indústria-Ciência-Governo sobre Interações Atlânticas decorreu em abril na ilha Terceira e contou com a participação de cerca de três dezenas de países.

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