Os madeirenses usam o termo ‘lá-lá’ quando vão passear, sobretudo, quando se referem a momentos de convívio, onde a família pode ter momentos de lazer. E foi dentro deste espírito que os alunos do 3.º ano do curso de Design da Universidade da Madeira concretizaram um projecto, que se trata de um exercício que reflecte uma certa dicotomia entre a alta e baixa tecnologia, design e craft, cultura local e global.
Os alunos foram desafiados a desenvolver um brinquedo com carácter local para as novas comunidades criativas, sendo que um conjunto significativo de brinquedos foi prototipado pelo M-ITI, recorrendo a modernas e eficientes tecnologias. Por exemplo, o baloiço Monachu e os mobiles ‘Bis-Birds’, que são fabricados a partir do corte em CNC para facilitar a produção, montagem e o transporte. Um outro conjunto foi construído através de processos tradicionais ‘low-tech’, como os mobiles ‘Balance Leaf’, que utilizam componentes de madeira e papel manufacturadas e máscaras feitas através da técnica do ‘papier mache’.
Tendo como base a ilha da Madeira, a sua identidade cultural e o seu património natural e paisagístico, os alunos procuraram a colaboração de várias entidades. Internamente, a Faculdade de Ciências da Vida e, fora da universidade, o Museu de História Natural e o Parque Ecológico do Funchal e o Museu da Baleia do Caniçal que os ajudaram na argumentação e conceptualização dos seus produtos. Desta forma, os trabalhos acabam por representar a diversidade natural da ilha, ‘falam’ da importância de algumas espécies e da necessidade de se preservar os seus ecossistemas em risco.
Pretendo criar uma maior interacção entre a equipa projectual (professores, alunos e parceiros) e a comunidade a quem o design se dirige, o projecto necessitou de um processo de co-criação baseado na partilha de conhecimentos e de recursos, tendo como objectivo a valorização de soluções sustentáveis e a criação de estratégias de intervenção pelo Design. Este modelo de desenvolvimento é um desafio acrescido para os designers em formação mas é também uma oportunidade de gerar conhecimento conjunto e de testar as capacidades operativas de todos. Isto influenciou a forma como os intervenientes se dedicaram ao projecto – um ‘learning by doing’ – onde é necessário ir para o terreno descobrir o potencial das partes envolvidas.
O plano de ampliação do projecto passa agora pela sua divulgação. Desde logo a realização de uma primeira exposição interativa no Museu do Brinquedo do Funchal. Ai será possível experimentar os protótipos e conhecer o seu processo de desenvolvimento. Alguns deles poderão em breve chegar ao mercado e contribuir para a sensibilização do publico – sobre a necessidade de se preservar o património natural e cultural da Madeira.
Fonte: Diário de Notícias Madeira
