O Diretor Regional das Pescas afirmou que, apesar da atividade da pesca ser “cada vez mais tecnológica, existem saberes antigos imprescindíveis, que fazem parte da atividade”.
Luís Rodrigues salientou que “estes saberes, que têm grande importância ao nível de segurança no mar, têm também muito potencial para serem partilhados com os turistas” que pretendem fazer pesca turismo nos Açores.
O Diretor Regional falava segunda-feira à margem de uma visita ao Observatório Astronómico de Santana (OASA), na Ribeira Grande, onde acompanhou uma turma de alunos do Curso de Dupla Certificação de Rabo de Peixe.
“Dificilmente se pesca chicharro em noites de lua cheia, o alinhamento da lua e do sol provocam as ‘marés vivas’ e podemos orientar-nos no mar através das constelações”, apontou Luís Rodrigues, referindo alguns dos temas abordados pelos técnicos do OASA junto dos formandos do Curso de Dupla Certificação, que permite atribuir a cédula de pescador e, simultaneamente, o grau de escolarização equivalente ao 9.º ano.
Esta aula prática pretendeu, segundo o Diretor Regional, “cruzar saberes empíricos e científicos”, contribuindo também para “estimular os alunos” daquele curso para algumas matérias.
“Para o exercício da pesca, o pescador, sem se aperceber, precisa de compreender aspetos ligados aos astros, à meteorologia, à oceanografia ou à biologia”, referiu Luís Rodrigues, acrescentando que o grande objetivo desta visita foi “valorizar os saberes inerentes ao exercício da pesca”.
Estão a frequentar o Curso de Dupla Certificação para Aquisição Básica de Competências – 9.º Ano de Escolaridade e Pescador 15 alunos da comunidade piscatória de Rabo de Peixe, com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos.
“Muitos destes formandos são filhos de mestres ou armadores que vão prosseguir estudos para cursos de mestrança (Arrais de Pesca), substituindo os seus pais”, salientou o Diretor Regional.
Segundo Luís Rodrigues, esta é mais uma aposta do Governo dos Açores “na capacitação dos ativos da pesca”, recordando que está previsto para este ano um investimento de cerca de 200 mil euros em atividades formativas para profissionais do setor.
A visita ao OASA foi uma iniciativa da Direção Regional das Pescas, em parceria com a Direção Regional da Ciência e Tecnologia.
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