No penúltimo dia de FOLIO, a utopia assumiu o lugar central. Tema de debate entre Nuno Artur Silva, António Jorge Gonçalves e Anabela Mota Ribeiro, foi também mote para a principal conversa da noite: moderadas por José Pinho, as utopias de Francisco Louçã, Pacheco Pereira, Anselme Japp e Bragança de Miranda foram apresentadas com eloquência sofista (a democracia ateniense foi precisamente um dos pontos de partida para a conversa) e provocaram a grande enchente da Tenda de Autores — mais de 500 pessoas estiveram presentes no debate “O Mundo Ideal”.
Espaço houve também para as ideias do Teatro, Poesia e Religião, com destaque para as intervenções de Rui Horta, Luís Miguel Cintra e Luísa Costa Gomes. Camané, no final do dia, viria a deixar-nos boquiabertos: a sua interpretação dos temas de Jobim não só é apurada como comovente, expondo toda a dor do seu e do nosso amor apenas com a companhia da guitarra, e tão bem que ela é tocada por Carlos Manuel Proença. Mágico.
“Os professores são um cocktail de ignorância.” – António Feijó
“Tudo aquilo que vivemos de mais importante são ficções.” – Nuno Artur Silva
“Nós amamos as cidades por sinédoque.” – Nuno Artur Silva
“Só nos perdemos quando voltamos para trás.” – Rui Horta
“Entre uma imagem de vida e de morte estamos nós, pequenos deuses.” – Rui Horta
“Deduzo que as finanças considerem a encenação como autoria.” – Luís Miguel Cintra
“Ninguém publica teatro em Portugal, por amor de Deus!” – Luísa Costa Gomes
“Fica a sensação de que estamos a escrever para um enorme abismo negro onde as peças vão caindo.” [sobre a não edição de livros de teatro em Portugal] – Luísa Costa Gomes
“Os textos, acima de tudo, são um detonador do acontecimento.” – Jorge Palinhos
“Toda a história mais não foi do que a coletivização da existência humana.” – Bragança de Miranda
“Estaline não queria realizar nenhuma utopia, tal como o liberalismo não queria realizar nenhuma utopia.” – Bragança de Miranda
“Nenhuma experiência, mesmo as mais democráticas, repetiu o exemplo ateniense.” – Pacheco Pereira
“A República de Platão é uma utopia de ordem perfeitíssima.” – Francisco Louçã
“A utopia é a ideia do que seria outro lugar ou outro tempo, por isso vai-se perdendo na realidade dos dias.” – Francisco Louçã
“A utopia deixa de o ser porque passou a mercadorizável.” – Francisco Louçã
Fonte: Shifter