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Chiado 8 com obras de Rui Sanches e Carla Filipe

O Chiado 8, no âmbito da colaboração iniciada em 2015 entre a Fidelidade, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas e a Coleção António Cachola, tem patente, desde esta sexta-feira 14, obras de Rui Sanches (Lisboa, 1954) e de Carla Filipe (Aveiro, 1973).

A mostra foi inaugurada, na noite de sexta-feira com a presença da vereadora Vitória Branco e com obras da coleção António Cachola, de artistas portugueses que são de diferentes gerações e com entendimentos muito diversos da prática artística, as suas obras ancoram-se, no entanto, em situações que lhes são extrínsecas: Rui Sanches, desde o início do seu percurso como escultor, efetua remissões para a história da arte, reconfigurando tridimensionalmente imagens da pintura; Carla Filipe ancora o seu trabalho num poderoso imaginário em torno das lutas operárias e da memória dos caminhos de ferro. Em ambos os casos, portanto, as obras fundamentam-se e remetem para o seu exterior, sendo a sua forma decorrente de uma necessidade que é oriunda de um contexto.

Esta característica, que é inerente à identidade das propostas artísticas destes autores, torna-se mais visível quando os trabalhos são apresentados em simultâneo, libertando-se ainda uma comum paixão pelo inatual e pelo desajuste temporal.
 
 
Rui Sanches
Lisboa, 1954.
Vive e trabalha em Lisboa.
 
Com uma actividade artística iniciada na sua frequência do Ar.Co, a escola de arte de Lisboa onde foi também professor, Rui Sanches completou a sua formação no Golsmiths College de Londres e, posteriormente, na Universidade de Yale (E.U.A.).
A obra que é apresentada foi produzida no contexto da sua permanência em Yale e aí apresentada na exposição de alunos finalistas em 1982. Trata-se de uma reinterpretação tridimensional da pintura de Nicholas Poussin (1594-1665) A Sagrada Família nos Degraus (de 1648), que Sanches viu no Museu de Arte de Cleveland. A pintura, que apresenta a Virgem e o Menino, Santa Isabel e S. João Baptista, para além de S. José, possui uma composição arquitectónica e rígida, produzida a partir das relações simbólicas e das trocas de olhares entre as figuras. Rui Sanches, ao tridimensionalizar e ampliar a imagem até uma possível escala real, realiza uma ponte entre a escultura contemporânea e a pintura seiscentista, introduzindo os temas que haveriam de o preencher no futuro: o sentido da forma, a frugalidade dos materiais, a relação entre modernidade e classicismo.
Esta obra, perdida e posteriormente reconstruída, possui uma grande importância no percurso do artista que, dois anos depois, faria uma exposição em Lisboa (Et in Arcadia Ego, etc.) também em torno de Poussin.
Do artista são ainda apresentados um conjunto de desenhos da série Corpos (e) Movéis, de 1993.
 
 
 
Carla Filipe
Aveiro, 1973.
Vive e trabalha no Porto.
O trabalho artístico de Carla Filipe tem vindo a apropriar-se do imaginário das lutas operárias para construir um percurso poético, por vezes nostálgico e frequentemente auto-biográfico.
As sucessivas remissões para as lutas operárias e a história dos caminhos de ferro, dubiamente tratadas – simultaneamente com fascínio, nostalgia e distância taxidérmica –, permitem a Carla Filipe desenvolver um percurso que, não só parte das suas memórias pessoais como mergulha na história coletiva, simultaneamente questionada, evocada e meramente colecionada.
A presente instalação, originalmente apresentada no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, convoca ainda a memória das recolhas de música popular de Lopes Graça e Giacometti, pinturas que convocam cartazes a que foi retirada a componente textual e um conjunto de cadeiras empilhadas, como um clube operário adormecido – e reconhece-se a alusão a uma instalação de 1927 dos artistas russos Lazar Lissitzky e Rodschenko realizada na histórica exposição Prensa.
 
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