Durante o trabalho de podas de formação e segurança nos exemplares arbóreos, assim como do abate de espécies invasoras no centro da cidade, os técnicos do Município encontraram um ninho de coruja com dois ovos. Após contactar a Officina Noctua – que desde 2014 observa e recolhe imagens e informação das aves que habitam no concelho – ficou-se a saber que se trata de um casal de corujas-do-mato que já tinha sido avistado em 2020 na referida zona arborizada e que, entretanto, tinha nidificado no local.A coruja-do-mato é uma ave de rapina noturna de médio porte que pode chegar a atingir quase um metro de envergadura. Trata-se de uma espécie de hábitos monogâmicos e muito territoriais. O processo de nidificação das corujas-do-mato é bastante demorado, cerca de seis meses desde o momento da postura dos ovos até à emancipação dos juvenis.Após uma observação regular da área conseguiu-se avistar a primeira cria a abandonar o ninho. As duas crias têm quase o tamanho de uma coruja adulta e em breve terão de estabelecer o seu próprio território. Como as corujas são uma espécie sedentária, não fazem grandes movimentos migratórios, é de esperar que as crias se estabeleçam a poucos quilómetros do local onde nasceram. Por questões de salvaguarda do habitat desta família de corujas-do-mato não divulgamos a zona que escolheram para viver, em Amarante.Mais se informa que o facto desta espécie se ter estabelecido no centro da cidade, há pelo menos dois anos, é bastante positivo, pois quanto maior é o conhecimento que estas aves têm do território que ocupam, mais efetivas se tornam enquanto predadoras, o que garante uma maior esperança de vida para elas e para as crias. Para que estas corujas continuem a escolher o centro da cidade para nidificar, é importante manter a qualidade do território. Esta espécie depende da existência de zonas arborizadas com uma densidade e extensão considerável, e também da existência de árvores antigas que são mais propensas a ter cavidades que depois serão usadas por esta espécie para nidificar. Como tal, uma gestão das zonas arborizadas que tenha em conta o respeito pela biodiversidade, deverá manter um equilíbrio saudável entre árvores novas e antigas, e evitar a fragmentação dos bosques existentes, nomeadamente evitando a criação de zonas arborizadas isoladas.
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