Fazer “a cultura vaguear pela cidade” e provocar “transumância de públicos” são dois dos grandes objetivos da programação “Cultura em Expansão”, cuja 4ª edição foi hoje apresentada pelo presidente da Câmara, Rui Moreira.
Diogo Infante inaugura a 25 de março a nova edição de “Cultura em Expansão” que, até dezembro, vai cruzar nomes firmados do teatro, cinema e música com artistas portuenses e coletividades locais nos cantos mais recônditos da cidade.
Como prova dessa expansão cultural por toda a cidade, foi escolhida a Associação de Moradores da Bouça para revelar, em conferência de imprensa, a profusão de eventos de acesso livre que privilegiam os bairros e pretendem não somente apresentar espetáculos, mas também estimular os agentes locais a produzir e intervir na criação cultural.
A nova “Cultura em Expansão”, cujo orçamento é de 220 mil euros, conta com as participações de Diogo Infante e João Gil (25 de março), Sérgio Godinho (27 de maio), Simone de Oliveira com Nuno Feist (1 de julho), Edgar Pêra (25 de novembro) e João Salaviza (17 de dezembro) entre muitos mais, além de espetáculos protagonizados por artistas portuenses, alguns dos quais em revelação.
A par do cinema, teatro e música, a programação tem como quarto pilar os “Laboratórios”, iniciativas de experimentação em diversas áreas e que envolvem artistas locais, num forte contributo para tornar os efeitos duradouros pois “queremos projetos de longa duração, com continuidade”, sublinhou Rui Moreira.
Realizadas três edições, os resultados são já visíveis, dado que “todos os projetos têm sido documentados e estamos a construir um portefólio” global do “Cultura em Expansão”, como adiantou Guilherme Blanc, o Adjunto para a Cultura, que exemplificou abrindo a sessão com uma gravação de estúdio do tema “Up to You”, que os Glockenwise e a Orquestra Juvenil da Bonjóia apresentaram no Bairro da Pasteleira, em dezembro passado.
Teatro, cinema, música e laboratórios
Na conferência de imprensa, em que participaram também o vereador da Habitação e Ação Social, Manuel Pizarro, e Rui Pedroto, da Mota Engil/Fundação Manuel António da Mota (mecenas da “Cultura em Expansão”), Guilherme Blanc desvendou ao pormenor todas as atividades programadas para este ano, começando pela área do teatro. Aqui, está previsto o ciclo “Arena”, um novo projeto que leva à Pasteleira quatro monólogos singulares na criação teatral portuguesa da última década, os quais são apresentados num dispositivo cénico configurado pelo próprio público (arena).
Ainda no teatro, “O palco é a Cidade” agrega propostas de artes performativas onde se incluem mais projetos teatrais de criação prolongada, de trabalho com atores amadores, lançando a reflexão sobre identidade e território.
O cineclubismo volta a ser aposta desta nova “Cultura em Expansão”, designadamente com a terceira edição de “Nove e Meia – Cineclube Nómada”, uma iniciativa que conta já mais de 90 sessões realizadas por toda a cidade.
Além de novas sessões abertas no Bairro da Lomba, o “Nove e Meia” vai também a outros locais de acesso difícil aos bens culturais como são instituições de cariz social, e organiza oficinas gratuitas de iniciação, estabelecendo com os jovens espectadores uma ponte entre o VER e o FAZER, entre o OLHAR e a OBRA.
“Você Decide” é a outra referência no capítulo do cinema que alude aos primórdios, no tempo mudo. Com epicentro em Aldoar, permite aos espectadores escolherem, do menu do dia, o filme que querem ver e que será alvo de um encontro improvisado com a música.
Já na música, “Dueto para Um” é o novo projeto e consta de um miniciclo de duplas que inclui nomes conhecidos e outros nem tanto, do espectro musical e das artes visuais. Entre eles estão Sérgio Godinho e Simone de Oliveira, capazes de encher qualquer sala de espetáculos do país mas que atuarão na Associação de Moradores da Bouça e na Junta de Freguesia de Campanhã, respetivamente.
O quarto pilar da “Cultura em Expansão” é constituído pelos Laboratórios, onde se entrelaçam teatro, cinema, música e muito mais. Como a designação indica, põe a ênfase no trabalho laboratorial e no processo criativo acompanhado com grupos de residentes de diferentes bairros da cidade, envolvendo nomes fundamentais do cinema português, experiências de teatro em estaleiro e a criação musical do OUPA!.
Já com identidade própria, o OUPA! é um projeto de intervenção social e artística que a Câmara do Porto iniciou em 2014, no Bairro do Cerco, e que vai decorrer neste ano na Pasteleira. Tem definidos seis meses de residência artística com jovens do bairro, em oficinas de escrita, produção musical, vídeo, performance, promoção e produção de espetáculos.
O OUPA! integrará também a sessão de encerramento da “Cultura em Expansão 2017”, que acontecerá em dezembro, no Rivoli, com a exibição do filme “Tráfico”, realizado por João Salaviza e Ricardo Alves Jr.