Na reunião do Executivo Municipal que teve lugar hoje, foi aprovado por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento, no passado dia 29 de julho, de Manuel Louzã Henriques.

Nascido a 6 de setembro de 1933, no Coentral, desde cedo construiu uma forte relação com a Lousã, terra natal do seu pai.

Durante o percurso de estudante, integrou diversos grupos e organismos, demonstrando uma forte intervenção cívica e sendo um antifascista de referência.

A defesa das suas convicções e da liberdade levaram a que – em abril de 1962 enquanto aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e quando cumpria o estágio de medicina – tenha sido preso pela PIDE. Após a sua libertação, concluiu a licenciatura e a especialidade em Psiquiatria.

Mais tarde, foi, também, Professor na Faculdade de Medicina.

Dados os seus vastos conhecimentos de cultura popular, participou, como orador, em inúmeros encontros de cultura popular. Escreveu introduções para livros e discos na área da cultura popular. Esteve muito ligado à investigação popular e etnográfica protagonizada por Ernesto Veiga de Oliveira, Jorge Dias, Benjamin Pereira e Michel Giacometti, de quem sofreu influências marcantes.

Foi poeta – com obra em algumas coletâneas contemporâneas – e foi músico.

Na academia coimbrã esteve ligado aos grupos GEFAC, Realejo e à Brigada Victor Jara.

Na Lousã tinha o seu refúgio. Era proprietário de uma casa em plena vila da Lousã e de uma propriedade na Aldeia do Xisto do Candal.

A Câmara Municipal da Lousã adquiriu o seu imóvel na vila e construiu o museu etnográfico – inaugurado em 24 de junho de 2005 – a que deu o seu nome – Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques – acolhendo parte significativa do seu acervo museológico de cariz etnográfico constituído por coleções únicas de cestaria, arados, cangas, carros de bois, entre outros objetos e coleções.

Colaborou regularmente com a Autarquia em diversos trabalhos e publicações municipais.

A 24 de junho de 1993 recebeu a Medalha de Mérito Concelhio.

Médico psiquiatra, escritor, político, músico, pensador e etnógrafo, era um comunicador e conversador nato, pessoa de grande sabedoria, com forte conhecimento e reconhecimento cultural e científico.