“Comunidade”, a obra escrita em 1964 por Luiz Pacheco, é também o nome do espetáculo de teatro que a Feira do Livro apresenta neste fim de semana, em sessão especial a dobrar.
“É um bicho poderoso, este, uma massa animal tentacular e voraz, adormecida agora, lançando em redor as suas pernas e braços, como um polvo, digo: um polvo excêntrico, sem cabeça central, sem ordenação certa (natural); um grande corpo disforme, respirando por várias bocas, repousando (abandonado) e dormindo, suspirando, gemendo. Choramingando, às vezes. Não está todo à vista, mas metido nas roupas, ou furando aos bocados fora delas”.
Neste espetáculo, o texto de Luiz Pacheco (1925-2008) – que é tido como a sua obra-prima – é interpretado na sua desarmante crueza pelas vozes e pelas mãos de Maria Duarte, Gonçalo Ferreira de Almeida João Rodrigues. Íntimo e autobiográfico, o testemunho dos anos de privação do escritor maldito, polemista e editor é moldado perante os nossos olhos.
Destinado a um público com idade superior a 12 anos, “Comunidade” é apresentado na Capela de Carlos Alberto, ao fundo da Avenida das Tílias (Jardins do Palácio de Cristal), pelas 21,30 horas de sábado e pelas 14,30 horas de domingo, com acesso livre.
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