O poema de Sophia “Mar, metade da minha alma é feita de maresia” foi o tema da sessão que o espaço organizado pela Câmara do Porto promoveu ontem e que, entre outras iniciativas, incluiu um debate entre Ana Luísa Amaral e Maria Sousa Tavares Andresen (filha de Sophia), dois expoentes da poesia contemporânea portuguesa, no qual esteve presente o adjunto do presidente da Câmara do Porto para a Cultura, Guilherme Blanc.

 

A conversa debruçou-se, principalmente, sobre a ligação quase transversal da obra de Sophia aos elementos da natureza e o seu lugar atual no centro do discurso artístico internacional, tendo Maria Andresen recordado a voz da mãe, “atravessada por um timbre poético, encantado”, a sua “fúria assombrada” e a “simplicidade enigmática com que expressava o próprio mistério do mundo”.

 

Durante a sessão, em que Ana Luísa Amaral leu alguns poemas de Sophia, foi lembrado que a arte só fazia sentido para a poetisa “em íntimo contacto com a vida em si mesma” e que a sua poesia é um “clamor de liberdade”

 

O stand com que o Município do Porto está a marcar presença na Feira do Livro de Madrid, até ao próximo domingo – dando assim um importante passo para a internacionalização da organização da Feira portuense, que se realiza em setembro – acolheu também ontem a exibição da curta-metragem sobre a obra poética da autora (1919-2004), que será homenageada na Feira do Livro do Porto deste ano.

 

Assinada pelo realizador João César Monteiro, a curta-metragem “Sophia” inclui imagens da poetisa a ler, a escrever e a nadar no mar, elemento recorrente na sua obra.

 

Estas ações inserem-se no programa que Rui Moreira apresentou na capital espanhola logo na abertura da Feira, a 26 de maio, e que incluiu também uma sessão dedicada a Raul Brandão (1867-1930), no âmbito das comemorações dos 150 anos do seu nascimento.

 

Esse programa, organizado pela autarquia portuense, contemplou igualmente o lançamento da reedição castelhana de “Humus” com a chancela “Porto.” e um debate com o poeta e investigador Nuno Júdice e a Prof. Maria João Reynaud, dois especialistas incontornáveis na obra de Raul Brandão.

O 150.º aniversário do nascimento de Raul Brandão está a ser assinalado pelo Porto com uma importante exposição em dois polos e diversas outras iniciativas, que pode consultar ao pormenor aqui.