Artistas de várias nacionalidades e gerações estãorepresentados na “ambiciosa exposição” que a Galeria Municipal doPorto inaugurou na tarde deste sábado, a partir de um interpretação original dofundo do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia/Coleção da FundaçãoEDP.
Gabriela Vaz-Pinheiro (convidada) e Ana Anacleto (do MAAT)assinam a curadoria conjunta de “Quote / Unquote – Entre Apropriação eDiálogo”, uma viagem pelos últimos sessenta anos da história da artecontemporânea que inaugura a temporada da Galeria Municipal do Porto.
Partindo das cerca de 1500 obras que integram a coleçãoMAAT/Fundação EDP, as curadoras fizeram sucessivas seleções até definirem os 87trabalhos de 52 autores que entrariam em diálogo nesta exposição e que sãoexemplificativos do fenómeno de apropriação de obras que tem sido uma constanteda arte contemporânea ao longo do tempo.
Essa seleção e a sua disposição no espaço municipal, situadonos jardins do Palácio de Cristal, refletem as opções da dupla curadoria econstituem uma proposta que individualiza esta exposição face a qualquer outraque seja feita a partir do mesmo património.
“Quote / Unquote” reflete, ainda, “oentusiasmo da Fundação EDP na parceria com a Câmara do Porto”, comosublinhou na inauguração o administrador executivo da fundação, MiguelCoutinho, que fez questão de lembrar o importante contributo dado para essarelação por Paulo Cunha e Silva, o então vereador portuense da Cultura,entretanto falecido.
Trata-se de uma parceria sólida, confirmada pelo presidenteRui Moreira, que evidenciou os resultados agora alcançados e que concorrem paraos objetivos da Galeria Municipal. “Temos aqui representado um conjuntoextraordinário de artistas” e, apenas entre os portugueses, Rui Moreirareferiu que a diversidade vai de Ângelo de Sousa ao jovem Carlos AzeredoMesquita.
O presidente da Câmara avançou, a propósito, que “aprogramação [da Galeria] vai crescer solidamente para nos permitir refletirsobre múltiplos aspetos da arte contemporânea” e, congratulando-se com apresença de António Cachola na inauguração, recordou que a sua coleção será precisamenteobjeto da exposição que a Galeria tem programada para novembro.
Será, então, concluída a temporada agora inaugurada com”Quote / Unquote – Entre Apropriação e Diálogo”, uma “exposiçãoambiciosa”, segundo Gabriela Vaz-Pinheiro, e onde se podem admirardiferentes técnicas da arte contemporânea, da instalação à pintura, do desenhoao filme.
Trata-se, também, da segunda de uma série de abordagenstemáticas à Coleção da Fundação EDP, sob o nome “Perspetivas”, sendoque cada edição tem um curador convidado e outro do MAAT, donde resulta asingularidade de cada exposição.
A sucessão destas escolhas curatoriais sugere as obras dearte como uma plataforma viva que proporciona diferentes reflexões einterpretações sobre a contemporaneidade. Ainda assim, a proposta da GaleriaMunicipal do Porto não passa tanto por oferecer uma leitura histórica dosprocessos de apropriação , mas antes uma identificação do que possa tercontribuído para a obra dos artistas ali reunidos e influenciado a escolhacuratorial.
Gabriela Vaz-Pinheiro explica que “a prioridade foi,por isso, eleger algumas obras que, em conexão com a obra mais vasta do artistaem causa, pudessem contribuir para o entendimento das condições de produção daarte contemporânea que a coleção engloba; obras em que se denotassemressonâncias do gesto apropriador e que, ao mesmo tempo, gerassem um diálogo oudiálogos entre si, com o entorno, com o espaço expositivo, com osobservadores”.
Para agrupar e dar sentido a esses diálogos, “Quote /Unquote” foi organizada em três núcleos não estanques: “Arquivo eQuotidiano”, “Espacialidade e Política” e “Imagem eNarrativa”.
Com um robusto programa educativo associado, a exposição tementrada livre e fica patente na Galeria Municipal do Porto até 14 de maio, entreas 10 e as 18 horas, de terça a sábado, e entre as 14 e as 18 horas aosdomingos e segundas. Visitas guiadas aos sábados, pelas 16 horas.