O Secretário Regional da Agricultura e Florestas defendeu hoje, em Ponta Delgada, que os investimentos em curso na rede regional de abate são fundamentais e um sinal da aposta do Governo dos Açores na valorização da fileira da carne.
“Vamos afetar este ano quase cinco milhões de euros para a conclusão da construção de novos matadouros, no Faial e Graciosa, e da remodelação dos matadouros de São Miguel e Terceira, ao nível do aumento da capacidade de frio”, afirmou João Ponte, acrescentando que serão disponibilizados mais dois milhões de euros para investimentos na rede regional, em projetos não cofinanciados por fundos comunitários.
O titular da pasta da Agricultura falava na conferência de imprensa promovida pelo Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA) para apresentação do plano de atividades para este ano e do orçamento, que totaliza 24,6 milhões de euros.
João Ponte destacou a “enorme alteração de paradigma” registada no arquipélago no setor da carne, dado que “praticamente se deixou de exportar gado vivo para exportar gado abatido”.
“Isso são, naturalmente, mais valias que ficam na Região”, frisou o Secretário Regional, destacando o aumento que se verifica na qualidade da carne que chega aos matadouros no arquipélago.
Para o governante, a aposta do Governo dos Açores na melhoria técnica e de infraestruturas da rede regional de abate vai contribuir para elevar o setor da carne a outros patamares, já que o grande desafio desta fileira passa por exportar o mais possível a carne pronta a ser consumida e apostar na certificação dos matadouros.
“A certificação dos matadouros é algo que pode dar uma vantagem competitiva. Hoje, os clientes são mais exigentes do ponto de vista não só da qualidade dos animais de carne, mas também da qualidade de todo o processo de abate e da qualidade das infraestruturas”, disse o Secretário Regional, recordando que o Governo Regional, em parceria com a Federação Agrícola e a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, criaram recentemente o Centro de Estratégia Regional para a Carne dos Açores (CERCA) tendo em vista a valorização deste produto.
João Ponte salientou que, atualmente, a carne já não pode ser vista como uma subatividade do leite, estimando que a primeira venda do mercado da carne nos Açores deve atingir entre 40 a 50 milhões de euros.
Na conferência de imprensa, a presidente do IAMA, Carolina Câmara, destacou que 5,5 milhões de euros do orçamento para 2018 estão destinados ao pagamento de ajudas regionais, nomeadamente ao transporte de adubos e apoio ao escoamento de produtos lácteos, e um milhão de euros para a qualidade e certificação de produtos, como é o caso dos processos em cursos de certificação como Denominação de Origem Protegida (DOP) do Chá de São Miguel e dos Bolos Lêvedos das Furnas, enquanto a manteiga dos Açores se pretende que venha a ser classificada como produto de Identificação Geográfica Protegida (IGP).
Além da carne e dos produtos regionais qualificados, o IAMA também tem sob a sua área de atuação o leite, cuja produção em 2017 atingiu o maior valor de sempre, ou seja, 611 milhões de litros.