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Livro conta a história dos jardins do Palácio de Cristal e orienta os visitantes

A história dos “Jardins do Palácio de Cristal” e a explicação de cada recanto que os integra foram reunidos num livro que constitui, a um tempo, uma obra de caráter histórico, um guia de visita e um exemplo que poderá ser replicado.
 
A obra, decorrente da celebração dos 150 anos dos jardins inaugurados com a 1.ª Exposição Internacional portuguesa, contém um enorme espólio fotográfico de vários arquivos da cidade e outros documentos.
 
Alguns eram mesmo praticamente desconhecidos até agora, como reconheceu o especialista em História da cidade Germano Silva, que assistiu ao lançamento do livro, na tarde de ontem, nos próprios jardins.
 
Nascido de uma proposta do Pelouro da Inovação e Ambiente da Câmara do Porto à Faculdade de Ciências, “Jardins do Palácio de Cristal” é uma edição bilingue (Português/Inglês) com a chancela “Porto.” e tem autoria das investigadoras e arquitetas paisagistas Teresa Portela Marques e Natália Bruno.
 
As suas 84 páginas foram encadernadas num formato que permite o fácil transporte, já que se trata de um autêntico guia histórico-turístico que poderá ser utilizado pelos inúmeros visitantes.
 
“É um livro que pretende servir de auxiliar à interpretação deste espaço da cidade, sugerindo formas de o percecionar”, afirma Teresa Portela Marques, que é já coautora do livro “Jardins Históricos do Porto” e cuja tese de doutoramento se intitula “Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao Modernismo na Arquitectura Paisagista em Portugal”.
 
Se “os Jardins do Palácio de Cristal têm um lugar especial no coração dos portuenses”, como diz o vereador do Ambiente, Filipe Araújo, esta obra vem propor um roteiro de passeio, com fotos e também com pontos de paragem, descanso e observação.
 
Faz ainda o enquadramento histórico do que, na opinião de Teresa Portela Marques, veio a revelar-se no ponto de partida de “um novo estilo de jardins românticos”, pois a autora defende que ali nasceu “a moda do jardim florista” e ali foi “criada uma nova escola” neste domínio, da qual “irradiou esta nova cultura de jardins, não só no Porto, mas para todo o país”.
 
 
Para Teresa Portela Marques, além de se inscreverem num tempo de desenvolvimento industrial e urbano da cidade e do país, aqueles que são considerados dos mais belos jardins românticos da Europa são também “a afirmação de um ideário paisagístico que promove uma nova estética e o recreio moderno ao ar livre, materializando a visão e o sonho de um grupo de cidadãos progressistas”.
 
Com efeito, a criação dos Jardins do Palácio de Cristal surgiu da iniciativa privada de um grupo de cidadãos que se constituíram na Sociedade do Palácio de Crystal Portuense, para acolher as exposições internacionais de divulgação da indústria, agricultura, manufatura e artes, a exemplo do que se fazia em cidades como Paris e Londres.
 
“Ao longo da História, a cidade do Porto foi sempre considerada inovadora, progressista e visionária, tal como hoje o é”, afirmou na sessão de lançamento do livro o presidente da Câmara, recordando a propósito as obras de recuperação em curso naqueles jardins que, respeitando a história e autenticidade, visam potenciar a sua fruição pública.
 
O autarca enquadrou até estes investimentos com o avanço do projeto dos Percursos Pedonais – Ligações Mecanizadas entre a cota alta e a cota baixa, para falar da “criação de um corredor permanente que faça também dos Jardins do Palácio de Cristal uns jardins de atravessamento”.
 
O livro agora lançado pretende igualmente concorrer para esse objetivo, “dando a conhecer por que são hoje assim aqueles jardins, como apareceram, o que os motivou e como se foram transformando até aos nossos dias”, nas palavras do vereador do Ambiente.
 
Além de proporcionar uma viagem e de nos fazer “relevar a importância dos nossos jardins históricos e da sua preservação” – nas palavras de Filipe Araújo – o livro-guia “Jardins do Palácio de Cristal” constitui um marco nas publicações sobre os espaços verdes do Porto e poderá vir a ser replicado em relação a outros parques e jardins, de modo a contribuir para perpetuar a sua importância e o seu significado na cidade.
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